SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo tratamento para pacientes com câncer de ovário resistente à platina, metal precioso contido na quimioterapia. A mirvetuximabe soravtansina, comercializada sob o nome Elahere, é o primeiro conjugado anticorpo-fármaco (ADC) direcionado ao receptor alfa de folato aprovado no país e será comercializado pela AbbVie.

O tratamento inicial do câncer de ovário é tradicionalmente realizado com carboplatina e paclitaxel, seguido de uma fase de manutenção, frequentemente com medicamentos orais. Algumas pacientes, porém, desenvolvem resistência à platina, ou seja, deixam de responder a esse tratamento padrão. Para essas mulheres, até então não havia medicamento capaz de aumentar a sobrevida global. Os tratamentos disponíveis apenas prolongavam o tempo de sobrevida livre de progressão da doença.

É nesse cenário que surge o Elahere. “O mirvetuximabe soravtansina comprovou sobrevida global nessa população resistente à platina, por isso a importância desse lançamento”, explica Márcia Pinheiro, gerente médica da AbbVie para cânceres sólidos.

O medicamento é indicado para o tratamento de pacientes adultos com câncer epitelial de ovário, de trompa de Falópio ou peritoneal primário, FRα-positivo e resistente à platina, que tenham recebido até três tratamentos sistêmicos anteriores. Essa resistência ocorre dentro de seis meses após o término da quimioterapia à base de platina.

A aprovação do tratamento foi respaldada por um estudo global randomizado e controlado de fase 3, conduzido pela AbbVie e publicado no New England Journal of Medicine. Os resultados, apresentados na Reunião Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) de 2023, demonstraram uma redução de 35% no risco de progressão da doença em pacientes tratados com mirvetuximabe soravtansina em comparação à quimioterapia de escolha do investigador.

Os pacientes que receberam tratamento com Elahere viveram em média 16 meses, comparados aos 12 meses observados com quimioterapia convencional. A redução do tumor ocorreu em 42% dos pacientes que usaram o medicamento, em contraste com 15% no grupo de controle.

As reações adversas mais comuns com Elahere incluem visão turva, náusea, diarreia, fadiga, dor abdominal, ceratopatia, olho seco, constipação, vômitos, diminuição do apetite, neuropatia periférica, cefaleia, astenia, aumento da aspartato aminotransferase e artralgia. A reação adversa grave mais frequente foi pneumonite.

O câncer de ovário figura entre os mais letais cânceres ginecológicos mundialmente. No Brasil, dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimam 7.310 novos casos de câncer de ovário por ano no período de 2023 a 2025.