SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Um dos tubarões mais raros do mundo voltou a aparecer em Papua-Nova Guiné. A espécie, chamada Gogolia firewood, é conhecida como tubarão-cão-de-vela, não era registrada pela ciência desde a década de 1970.

Animal se destaca pela nadadeira dorsal longa e profunda. O primeiro exemplar, uma fêmea, foi descrito em 1973, na Baía de Astrolabe, próxima ao rio Gogol. Durante cinco décadas esse foi o único registro científico.

Em 2020, a espécie reapareceu. Pesquisadores que monitoravam a pesca artesanal encontraram cinco fêmeas capturadas por moradores locais. Dois anos depois, um macho também foi registrado.

“Um levantamento recente com pescadores artesanais e de subsistência em Madang, Papua-Nova Guiné, resultou na redescoberta do tubarão-cão-de-vela Gogolia filewoodi. As cinco fêmeas e um macho registrados em 2020 e 2022, próximos à foz do rio Gogol, são os primeiros registros verificados dessa espécie desde sua descrição a partir de um único espécime na década de 1970”, diz estudo publicado no Journal of Fish Biology.

Os cientistas acreditam que o tubarão-cão-de-vela seja um “microendêmico” restrito a uma pequena área da Baía de Astrolabe. Isso aumenta o risco de declínio populacional caso a pesca se intensifique na região. “Gogolia é um gênero monoespecífico da família Triakidae e, portanto, representa uma linhagem evolutiva única, não encontrada em nenhum outro lugar do mundo, podendo ser considerado um importante ícone da biodiversidade marinha da Papua-Nova Guiné”, aponta estudo.

POPULAÇÃO REMANESCENTE

David Ebert, da Universidade Estadual de San José, na Califórnia, disse à New Scientist. “Ou em algum momento pode ter tido uma distribuição mais ampla naquela parte do mundo, Indonésia, Papua-Nova Guiné ou algo assim, e agora restou apenas essa pequena população remanescente”.

Ainda se sabe pouco sobre a biologia da espécie. Dois exemplares preservados estão agora na Universidade de Papua-Nova Guiné. Pesquisadores planejam análises genéticas em parceria com cientistas da Austrália e dos Estados Unidos para compreender melhor o tubarão-cão-de-vela e orientar medidas de proteção.

“Apesar da redescoberta científica, ainda faltam informações fundamentais sobre sua ecologia, ciclo de vida e distribuição. Estão sendo iniciadas medidas de monitoramento e manejo como abordagem preventiva para conservar essa espécie única”, disseram pesquisadores do estudo.