SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar cai na manhã desta quarta-feira (3) com os investidores atentos ao segundo dia de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo envolvimento na trama golpista e esperando a divulgação de dados da indústria e do mercado de trabalho nos Estados Unidos.
Às 10h44, a moeda norte-americana caía 0,38%, cotada a R$ 5,452. No mesmo horário, a Bolsa tinha queda de 0,28%, a 139.942 pontos.
Nesta quarta, o mercado permanece atento ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF (Supremo Tribunal Federal).
Na última terça, o ministro Alexandre de Moraes fez a leitura do relatório do caso. A PGR e as defesas do ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos, do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres, e do ex-ajudante de ordens Mauro Cid também se manifestaram.
A sessão nesta quarta foi aberta com a defesa do general da reserva Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e teve em seguida a manifestação do advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A defesa de Bolsonaro alegou que não há prova de envolvimento dele em plano de assassinato e 8/1.
Uma possível condenação promete intensificar as tensões comerciais entre Brasil e EUA. Quando Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros em julho, ele vinculou a decisão, entre outros pontos, a uma suposta “caça às bruxas” que o ex-presidente brasileiro seria vítima.
Ministros do STF esperam uma escalada de ataques de Donald Trump contra eles por causa do julgamento de Bolsonaro. Vistos de sete magistrados para os EUA já foram suspensos.
Além disso, bancos brasileiros receberam na terça (2) uma carta do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos com questionamentos sobre a aplicação da Lei Magnitsky.
O comunicado do Ofac, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, que pertence ao Tesouro americano, pergunta quais ações foram ou estão sendo tomadas pelas instituições para cumprir a sanção aplicada ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
“O receio é de que uma eventual condenação sirva de justificativa para novas retaliações de Trump contra o Brasil, incluindo possíveis sanções adicionais ao Banco do Brasil e restrições comerciais, em meio ao já vigente tarifaço de 50%”, disse João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.
Na terça (2), o dólar fechou em alta de 0,66%, cotada a R$ 5,475, com os investidores repercutindo o início do julgamento de Bolsonaro.
A Bolsa teve queda de 0,67%, a 140.335 pontos, impulsionada pela queda em bloco das ações de bancos brasileiros.
Os papéis do Banco do Brasil, principal afetado pelas incertezas da Lei Magnitsky e responsável pelo pagamento dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), lideraram as quedas do índice com desvalorização de 3,17%. Itaú (1,59%) e Bradesco (1,74%) também caíram.
Na cena internacional, os investidores acompanham a divulgação, no fim da manhã, dos dados sobre encomendas à indústria e do relatório Jolts, sobre vagas abertas no mercado de trabalho, ambos referentes a julho.
O dólar avançou nos mercados globais na terça, com o mercado retornando do feriado de Dia do Trabalho mais cauteloso com os dados econômicos e incerto sobre a política comercial de Trump.
Na última sexta-feira, um tribunal dos Estados Unidos decidiu que as tarifas recíprocas de Trump são ilegais. O tribunal também determinou que as tarifas podem permanecer em vigor até 14 de outubro para permitir recursos à Suprema Corte americana.
Trump, disse, na noite da última terça, que seu governo solicitará à Suprema Corte uma decisão rápida sobre as tarifas. “É uma decisão muito importante e, francamente, se eles tomarem a decisão errada, será uma devastação para o nosso país”, afirmou.
Os investidores também monitoraram os desdobramentos da demissão de Lisa Cook, do Fed. Segundo analistas, a tentativa de Trump demitir a diretora gera incertezas sobre a autonomia da autoridade monetária americana.
Quase 600 economistas assinaram uma carta aberta em defesa de Cook, afirmando que a remoção de membros do conselho do Fed exige critérios rigorosos. O documento teve assinaturas de ganhadores do Nobel, como Claudia Goldin, Paul Romer e Christina Romer.
Na última semana, a diretora entrou com uma ação judicial contra presidente Donald Trump, alegando que o republicano não tem poder para destituí-la do cargo.
Uma juíza federal avaliou, na sexta-feira, a possibilidade de bloquear temporariamente a demissão de Cook. A audiência judicial terminou sem decisão.
Acredita-se que a ação judicial é o primeiro passo de uma longa batalha que deve ser resolvida pela Suprema Corte.