Da Redação

A investigação que desmantelou uma das maiores redes de adulteração de combustíveis do país revelou que Armando Hussein Ali Mourad, irmão de Mohamad Hussein Mourad — apontado como um dos líderes do esquema — controla ao menos oito postos no Entorno do Distrito Federal e outros 20 espalhados por Goiás, incluindo Goiânia e região metropolitana.

A operação, chamada Carbono Oculto, cumpriu na última semana mais de 200 mandados de busca, apreensão e prisão contra 350 alvos em dez estados brasileiros. O esquema, segundo a Polícia Federal, movimentou cerca de R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, em um ciclo de fraudes que envolvia desde importação irregular de combustíveis até lavagem de dinheiro por meio de fintechs e investimentos em imóveis, caminhões e fazendas.

De acordo com as investigações, Mohamad usava parentes, como Armando, para dar aparência de legalidade aos negócios. Os postos controlados pelo empresário são do tipo “bandeira branca”, ou seja, não têm vínculo direto com grandes distribuidoras. Entre eles, estão unidades das redes Infinity e PPostos, localizadas em cidades como Abadiânia, Alexânia, Goianésia, Luziânia, Niquelândia e Santo Antônio do Descoberto.

O esquema utilizava importadoras de fachada para trazer nafta, hidrocarbonetos e diesel do exterior. Parte do combustível era adulterado com metanol — altamente inflamável e perigoso —, reduzindo custos e aumentando lucros. Além do risco para os consumidores e para o meio ambiente, a prática provocou rombo bilionário na arrecadação de impostos.

Outro braço da fraude envolvia a movimentação financeira. Empresas de tecnologia financeira (fintechs) ligadas ao grupo processavam pagamentos e transferências de forma a mascarar a origem do dinheiro, dificultando o rastreamento dos valores. Apenas uma dessas plataformas movimentou R$ 46 milhões em quatro anos, segundo a PF.

Para tentar reparar os danos ao erário, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 7,6 bilhões em bens e contas dos investigados. Entre os itens apreendidos estão carros de luxo, imóveis comerciais, fazendas e empresas de combustíveis.

A operação mobilizou mais de 1.400 agentes públicos e contou com a participação da Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público Federal, Gaeco de São Paulo e polícias civis e militares de oito estados. A meta é desarticular completamente a rede criminosa e impedir que o grupo continue dominando parte do mercado de combustíveis no país.