Da Redação
[Enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa as acusações contra Jair Bolsonaro (PL), cresce nos bastidores do Congresso uma movimentação para blindar o ex-presidente de uma eventual prisão. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), emergiu como peça central dessa estratégia, articulando uma proposta de anistia que o manteria inelegível, mas livre da cadeia.
Segundo interlocutores, o texto do projeto ainda não está fechado, mas já circula entre líderes do centrão e partidos alinhados ao bolsonarismo. A expectativa é que, após a conclusão do julgamento, a proposta seja pautada no plenário da Câmara. A ideia é aprovar o perdão político antes que o STF possa contestá-lo.
Tarcísio inicialmente relutou em abraçar a missão, mas recuou após pressão de aliados e uma visita pessoal a Bolsonaro em sua prisão domiciliar. Desde então, intensificou reuniões com lideranças partidárias e assumiu o papel de articulador da anistia — movimento que, além de tentar atender ao bolsonarismo, reforça seu nome como possível sucessor do ex-presidente em 2026.
O tema ganhou força nesta terça-feira (2), em reunião de líderes da Câmara. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que antes mostrava cautela, agora admite acelerar a tramitação. Há até a possibilidade de votação de urgência já na próxima semana.
A articulação, porém, divide o cenário político. Para o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, a base já conta com maioria suficiente para aprovar a medida. Do outro lado, Lindbergh Farias (PT) classificou a ofensiva de Tarcísio como um erro calculado, afirmando que o governador “abraçou a pauta para consolidar seu projeto presidencial”.
Nos bastidores, a grande dúvida é se o STF consideraria a anistia constitucional. Mesmo assim, partidos como PP, União Brasil, PL e Republicanos já declararam apoio. Estima-se que a proposta conte hoje com cerca de 300 votos, número suficiente para aprovação, consolidando o tema como um dos mais quentes do Congresso nos próximos dias.