SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Era quase 8h da manhã quando diretores do São Paulo chegavam no CT da Barra Funda para o que se tornaria um longo dia. A ‘operação Marcos Leonardo’ teve cerca de 15 horas de duração no fechamento da janela e mais de dez reuniões.

O São Paulo se reuniu com diversos dirigentes do Al Hilal, além do técnico Simone Inzaghi. “Quem eles colocavam na linha, a gente conversava e tentava convencer”, disse uma fonte à reportagem.

Foram mais de dez reuniões das quais participaram membros da diretoria do São Paulo, do Al Hilal e representantes do jogador. As discussões foram acaloradas e muitas vezes fugiram do inglês para o árabe no momento de discussões mais quentes.

O Al Hilal argumentava que o São Paulo precisaria pagar alguma coisa pelo jogador, fosse salário ou uma compensação pelo empréstimo. Quando ouvia a negativa tricolor, os árabes se irritavam: “vocês não querem pagar nada, mas querem o jogador”, chegaram a dizer.

O São Paulo lembrava durante vários momentos das reuniões de que os árabes já sabiam das condições do clube desde o início: o Tricolor não entraria com dinheiro, mas daria os minutos que Marcos Leonardo queria em campo —e os árabes não estavam dispostos a dar ao não inscrevê-lo no torneio saudita.

As discussões mais fortes ocorreram entre Al Hilal e representantes do jogador. Enquanto os árabes insistiam em negar a liberação, o estafe do atleta argumentava que “o jogador não quer ficar”. Nesses momentos, os dirigentes são-paulinos ficavam mais como espectadores.

Marcos Leonardo tinha tanta vontade de acertar com o Tricolor que aceitou receber do São Paulo um salário que não o colocaria nem entre os 10 mais bem pagos do elenco. Na Arábia, seu salário é de cerca de 500 mil dólares mensais (R$ 2,5 milhões).

Quando viu o Al Hilal insistindo por uma compensação, Marcos Leonardo abriu mão de receber os valores que tinha acertado como salário e pediu que o São Paulo oferecesse a quantia como pagamento pelo empréstimo. Dessa maneira, o atleta viria ao Tricolor por um valor ínfimo. O São Paulo ofereceu o montante ao Al-Hilal pelo empréstimo, mas os valores não “fizeram cócegas” e foram rejeitados pelos árabes.

O dia foi uma montanha-russa no CT, com momentos de otimismo e pessimismo. O vazamento de que a negociação estava avançada com os árabes pagando parte do salário do atacante irritou o Al Hilal.

No fim, já perto das 23h, o São Paulo recebeu a última resposta do clube árabe, considerou que já tinha chegado ao seu limite pelo atleta e deu por encerradas as negociações. Assim, somente Rigoni foi contratado no fechamento da janela — os diretores chegaram a ter que se dividir para conversar com representantes do argentino e do Al-Hilal simultaneamente.