RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma operação conjunta das polícias Civil e Federal, além da Promotoria e da Procuradoria do Rio de Janeiro, prendeu nesta quarta-feira (3) o deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias (MDB). Ele é suspeito de usar a administração pública para auxiliar o Comando Vermelho, acessando informações sigilosas.

A Polícia Civil disse haver “provas robustas” de que TH, além de usar o mandato para favorecer a facção, intermediava compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones que eram enviados ao Complexo do Alemão.

Os antidrones eram usados para dificultar operações policiais, segundo denúncia do Ministério Público. A Promotoria afirma ainda que TH nomeou outros suspeitos de envolvimento em cargos na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

TH Joias foi preso em um condomínio na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. A operação prendeu outras duas pessoas.

Assessores do deputado estadual foram procurados pela reportagem por mensagem e ligação na manhã desta quarta (3), mas não responderam até a publicação deste texto. O parlamentar não respondeu à tentativa de contato via redes sociais.

O presidente estadual do MDB, Washington Reis, afirmou que o partido decidiu expulsar o parlamentar. “TH, que já não seguia a orientação partidária em seus posicionamentos e votações na Assembleia Legislativa do Rio, não fará mais parte dos nossos quadros”, disse por mensagem.

TH Joias já havia sido preso em 2017. À época, a investigação da Polícia Civil apontou que a joalheria de TH era usada para lavagem de dinheiro de outra facção, o TCP (Terceiro Comando Puro).

Antes de ser empossado como deputado, em 2024, TH Joias era conhecido por fazer design personalizado de joias para celebridades, como artistas e jogadores de futebol.

Ele recebeu 15.015 votos nas eleições de 2022 e conseguiu a vaga após a morte do deputado estadual Otoni Moura de Paulo. O suplente imediato, Rafael Picciani (MDB), decidiu continuar na secretaria de Esportes, abrindo vaga para TH.

Duas operações simultâneas são realizadas nesta quarta: a operação Bandeirantes, com investigações da Polícia Civil e da Promotoria, conseguiu expedir mandados de prisão através da Justiça estadual. A operação Zargun, da Polícia Federal, teve mandados expedidos pela Justiça Federal. Ambas miram suspeitos de envolvimento com o Comando Vermelho.

A Justiça determinou afastamento de agentes públicos suspeitos na investigação e a suspensão de atividades de empresas usadas, supostamente, para lavagem de dinheiro. Os demais investigados não tiveram os nomes revelados, mas entre eles estão um delegado da Polícia Federal, policiais militares e um ex-secretário municipal e estadual.

A operação batizada de “Zargun” cumpre 18 mandados de prisão preventiva e 22 mandados de busca e apreensão. O TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) também determinou o bloqueio de bens dos investigados, em valor que chega a R$ 40 milhões.