SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A avenida Al-Rashid é a principal via de automóveis da região costeira da Faixa de Gaza -cruza o território palestino de norte a sul, à beira do limite com o mar Mediterrâneo. Um vídeo publicado nesta terça (2) pelo jornalista palestino Motaz Azaiza mostra o local devastado após quase dois anos de guerra.

Na porção norte da via, na altura do bairro Al-Zaytun, é possível ver a mesquita Al-Hassaina destruída, prédios inteiros que não existem mais e, onde antes antes transitavam carros, inúmeras tendas improvisadas -montadas para abrigar palestinos deslocados. Uma análise feita pela Folha de S.Paulo confirmou a localização dos vídeos.

Cerca de dois anos separam as imagens. A mesquita é repetidamente referida como a mais bonita e emblemática do território palestino -devido, em especial, a sua herança arquitetônica e relevância espiritual e religiosa.

Ela foi uma das atingidas ainda no início da guerra, em novembro de 2023 -naquele momento, ao menos oito templos haviam sido destruídos. Até janeiro de 2025, mais de 960 mesquitas foram bombardeadas por Israel.

À época, ativistas palestinos condenaram os ataques israelenses que a destruíram e lamentaram a perda do templo, que, segundo afirmam, era visitado por milhares de pessoas todos os dias.

Ao fundo das imagens publicadas nesta terça, ainda é possível observar chaminés de uma usina termelétrica israelense, que foi instalada há cerca de 40 anos a pouco mais de 5 km da fronteira. Apenas 10km separam o ponto em que o cinegrafista capta as imagens do limite norte do território palestino.

A região é vizinha do bairro nobre de Rimal, na Cidade de Gaza, que foi destruído por bombardeios israelenses também em novembro de 2023. O local era considerado o mais sofisticado e um dos mais seguros do território; abrigava prédios do governo e universidades. Hoje, assim como Al-Zaytun, está em ruínas e abandonado.

Israel lançou sua ofensiva contra a Faixa de Gaza em outubro de 2023, depois que membros do grupo terrorista Hamas atacaram comunidades israelenses, matando 1.200 pessoas e capturando mais de 250 reféns.

Desde então, a ação militar de Tel Aviv matou cerca de 63 mil pessoas, danificou ou destruiu a maioria dos edifícios no território e forçou quase todos os seus residentes a fugir de suas casas pelo menos uma vez. Um monitor global da fome utilizado pelas Nações Unidas afirma que partes do território sofrem uma fome provocada por ação humana, o que Israel também nega.