PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – Em encontro ocorrido com Xi Jinping nesta terça-feira (2) em Pequim, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que as relações entre o país e a China chegaram a um nível “sem precedentes” na história.

O presidente da Rússia está em viagem à China para participar de eventos. Neste final de semana, fez parte das reuniões da Organização para Cooperação de Xangai, e na quarta-feira (3) participará das celebrações dos 80 anos da vitória chinesa na chamada Guerra de Resistência, contra o Japão, e na Guerra Mundial Antifascista, como Pequim chama a Segunda Guerra Mundial.

A visita é encarada como uma devolutiva da viagem que Xi realizou em maio deste ano para desfile militar que ocorreu em Moscou de comemoração do Dia da Vitória, que marca a derrocada dos nazistas contra a União Soviética. Na ocasião, o presidente Lula e a primeira-dama Janja também estavam presentes.

“Este é um exemplo de que os dois países mostram ao mundo que a Rússia e a China estão vigiando e ajudando-se na Guerra Mundial contra o fascismo”, disse Putin, segundo o Ministério de Relações Internacionais da China.

O mandatário russo também destacou a importância da cúpula de Xangai, em que Xi propôs o que chamou de Iniciativa de Governança Global para promover a construção de um sistema mais justo, uma vez que, segundo o líder chinês, oito décadas após o fim da guerra novas ameaças e desafios estão crescendo.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, também foi à China para participar dos encontros da cúpula, embora não esteja confirmado para o desfile militar. Na ocasião, os líderes das três potências deram as mãos em sinal de unidade.

Na reunião desta terça, Xi também destacou que a relação entre o que chamou de duas potências internacionais resistiram às mudanças internacionais e foi estabelecida como modelo. Disse ainda que a China está disposta a estreitar ainda mais as trocas com a Rússia.

Os presidentes também assinaram mais de 20 acordos de cooperação bilateral em energia, inteligência artificial, agricultura, pesquisa científica, saúde, educação e mídia, entre outras áreas. Não foi detalhado o teor dos documentos assinados.

Questionado em entrevista a uma rádio sobre a aliança Xi-Putin, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou não estar “preocupado de forma alguma”. Disse, porém, que estava “muito desapontado” com o líder russo por causa da falta de avanços em uma negociação de paz na Ucrânia.

Além de Putin, Xi se encontrou com diversos outros chefes de Estado que visitam a China para participarem do desfile militar, como o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian; o presidente do Turcomenistão, Serdar Berdimuhamedov; o presidente do Tadjiquistão, Emomali Rahmon, e o presidente da Mongólia, Ukhnaa Khurelsukh, que também participou de encontro que reuniu Putin.

Entre os 26 chefes de Estado confirmados para a parada militar, a maior parte são de países asiáticos, o que evidencia a tentativa de Xi de consolidar sua influência no oriente em um momento em que Trump segue com a guerra tarifária e tenta negociar com Putin o fim da Guerra na Ucrânia.