SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O takahê (da Ilha Sul – Porphyrio hochstetteri) ou Tacaé-do-sul, ave nativa da Nova Zelândia, voltou a ser visto com frequência nas áreas remotas do país após décadas dado como extinto.
Alguns registros falam em 50 anos de desaparecimento, até a redescoberta em 1948, enquanto outros ampliam o período para 125 anos, considerando o sumiço das populações selvagens desde no século 19.
Trilheiros relatam encontros com o pássaro em caminhadas pelo Vale de Rees, perto de Queenstown, região alpina da Nova Zelândia. O retorno é considerado um marco da conservação e da herança cultural Maori (povo indígena da Nova Zelândia).
nesta terça-feira (2) o takahê é tratado como taonga, um tesouro cultural, pelo povo Ngai Tahu (Maori). “É encorajador que agora os takahê possam fazer desse lugar o seu lar”, disse Gail Thompson, representante Ngai Tahu no Grupo de Recuperação do Takahê, em nota divulgada pelo Department of Conservation (DOC), em fevereiro deste ano.
A população cresceu graças a programas de reprodução em cativeiro, áreas protegidas e ilhas livres de predadores. Em 2016, eram cerca de 300 aves. O número passou de 500 em 2023 e continua em expansão.
O DOC tem ampliado os locais de soltura. Em agosto, 18 aves foram liberadas em terras Ngai Tahu, no alto Whakatipu. Desde fevereiro, já são mais de 50 no Vale de Rees.
No entanto, predadores como doninhas chegaram a matar cinco aves no início do ano. A resposta foi reforçar o controle de armadilhas. “Criar novas populações selvagens exige perseverança, e o sucesso não é garantido”, afirmou Glen Greaves, guarda sênior do DOC, em comunicado oficial.
Um exemplar chamado Frost chegou a caminhar até a vila de Glenorchy e foi encontrado em um campo de golfe. Recolocado no vale, agora parece adaptado ao ambiente selvagem. Para o Southern Lakes Sanctuary, organização que apoia o projeto, a iniciativa mostra a força da colaboração.
Esse takahê é um grande exemplo do poder de colaboração, com cada parte fazendo contribuições vitais para tornar isso realidade Greg Lind, co-presidente da Southern Lakes Sanctuary, em fevereiro
Novas solturas estão previstas ainda para 2025. O objetivo é consolidar populações autossustentáveis em áreas que os takahê provavelmente habitaram séculos atrás.
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LINHA DO TEMPO DA CONSERVAÇÃO
1948 – Redescoberta nas remotas Montanhas Murchison/Te Puhi-a-noa
1981 – Foco na história natural até que foi observado um declínio populacional, com o menor número já registrado.
1985 – Criação do Burwood Takahê Centre, onde ovos selvagens passaram a ser incubados artificialmente e os filhotes criados com fantoches antes de serem devolvidos à população selvagem.
Anos 1980 a 1990 – Prioridade em estabelecer populações de segurança em quatro ilhas livres de predadores
2007 – Uma grande infestação de doninhas reduziu pela metade a população das Montanhas Murchison.
2010 – O método de criação com fantoches foi interrompido e substituído por um modelo em que os filhotes eram criados por pais em cativeiro, no Burwood e em santuários.
2016 – A população total de takahê atinge 300 aves. A recuperação populacional finalmente retorna ao nível anterior à infestação de 2007 e inicia um crescimento consistente.
2018 – Takahê reintroduzidos no Parque Nacional Kahurangi, com a esperança de estabelecer uma segunda população selvagem.
2023 – A população de takahê alcança 500 indivíduos. Aves são devolvidas à natureza no Alto Whakatipu, na Greenstone Station, para consolidar uma segunda população selvagem.