RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma imagem em cerâmica de Santa Sara Kali, padroeira do povo cigano, foi vandalizada na madrugada de sexta-feira (29) na gruta localizada no parque Garota de Ipanema, no Arpoador, zona sul do Rio de Janeiro. O símbolo foi recolhido e encaminhado para restauração.

No local também foi deixada uma imagem de Iemanjá com os braços mutilados.

A Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) abriu investigação para identificar os responsáveis.

A advogada Lhuba Batuli, filha da fundadora da gruta dedicada a Santa Sara, Mirian Stanescon Batuli, foi quem registrou ocorrência na Polícia Civil.

“Santa Sara é símbolo de uma mulher que resistiu ao exílio e tempestades e nunca perdeu sua dignidade e força. O ato não é um ataque à imagem, é uma afronta à liberdade religiosa”, afirmou em vídeo nas redes sociais.

“A intolerância religiosa é uma das formas mais cruéis de opressão.”

O assentamento da imagem de Santa Sara Kali no parque foi oficializado em 2003. O local é considerado o primeiro templo de Santa Sara na América Latina. O espaço integra o Circuito de Diversidade Religiosa do Rio.

De acordo com a secretaria de Conservação da Prefeitura do Rio, o orçamento anual para manutenção de monumentos no Rio é de R$ 2 milhões, sendo que cerca de 40% costuma ser destinado a reparos após casos de vandalismo.

No número 1746, central da Prefeitura do Rio de Janeiro que recebe relatos e denúncias enviadas pela população, as notificações sobre intolerância religiosa ou etnorreligiosa quase triplicaram na comparação entre 2024 e os anos anteriores. Foram 22 relatos em 2023 e 61 em 2024.

O número de casos pode ser maior, já que há outras formas de catalogar a denúncia de intolerância religiosa, como “preconceito racial ou religioso” e “casos de intolerância étnico-racial”.