SÃO PAULO, SP, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O crescimento de 0,4% da economia brasileira no segundo trimestre de 2025 ficou em linha com a previsão da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. O governo diz que já esperava uma desaceleração em relação ao avanço de 1,3% nos três primeiros meses do ano.
Para o terceiro trimestre, o ritmo de crescimento projetado para o PIB (Produto Interno Bruto) na margem é pouco inferior ao observado para o segundo trimestre, diz a secretaria ao comentar os dados divulgados nesta terça (2) pelo IBGE, referentes ao período de abril a junho.
Embora esse número tenha vindo dentro do previsto, ele está abaixo da estimativa feita em julho, quando o ministério projetou um resultado positivo de 2,5% para o ano de 2025.
O órgão manteve essa previsão de crescimento, mas disse que a projeção “tem leve viés de baixa”, devido à desaceleração mais acentuada do crescimento no segundo trimestre em comparação ao esperado em julho e também aos efeitos da alta dos juros sobre a economia.
Com base no dado do segundo trimestre, a secretaria calcula um “carrego estatístico” para 2025 de 2,3% valor que já seria alcançado com um PIB estável nos próximos dois trimestres.
Segundo a secretaria, embora a desaceleração nas concessões de crédito venha se acentuando, junto com o aumento nos juros bancários e na inadimplência, o mercado de trabalho segue resiliente, podendo impulsionar a atividade com o pagamento dos precatórios e a recente expansão do crédito consignado ao trabalhador.
Segundo a secretaria, entre os países do G-20 que já divulgaram o resultado do PIB do segundo trimestre, o Brasil ocupou a nona posição, na comparação com o trimestre anterior, e a sexta posição, na comparação interanual e no acumulado em quatro trimestres.
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento e Orçamento, destacou em sua análise do segundo trimestre a queda do investimento, interrompendo seis altas seguidas nesse indicador, e a redução do consumo do governo.
Por outro lado, apontou a “resiliência” do setor de serviços e do consumo das famílias, além da contribuição positiva do setor externo para o resultado do trimestre.
A variação de 0,4% veio praticamente em linha com a mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,3%, de acordo com a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,1% a 0,8%.
Do lado da oferta, os serviços cresceram 0,6% no segundo trimestre, sustentando a variação positiva do PIB. Também houve desempenho positivo na indústria, que avançou 0,5%. Ambas as taxas ficaram acima das verificadas no primeiro trimestre (0,4% e 0%).
Já a agropecuária teve variação negativa no intervalo de abril a junho (-0,1%), após o salto no início do ano (12,3%).
Do lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,5%. Esse componente, contudo, desacelerou-se ante o primeiro trimestre, quando a alta havia sido de 1%.
Ainda do lado da oferta, tanto o consumo do governo (-0,6%) quanto os investimentos produtivos (-2,2%) tiveram queda de abril a junho.
A retração dos investimentos, medidos pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), foi a primeira após seis trimestres consecutivos de altas.