BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A equipe de segurança do STF (Supremo Tribunal Federal) fez inspeções e varreduras com cães farejadores antes do início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela trama golpista, que começou pouco depois das 9h desta terça-feira (2).
As equipes também usaram drones para monitorar a área próxima ao Supremo na manhã do primeiro dia de julgamento, e agentes e carros da polícia judicial fizeram patrulha nas áreas próximas ao prédio da corte.
Os cães farejadores foram usados no plenário da Primeira Turma e em outros locais onde há circulação de pessoas.
Na véspera, as áreas passaram por uma inspeção visual e com equipamentos de varredura. Depois, passaram a madrugada lacradas e foram inspecionadas pelos cães pela manhã.
O Supremo também estabeleceu regras para aqueles que acompanham o julgamento presencialmente, incluindo a proibição de qualquer manifestação de apoio ou repúdio, incluindo palmas, vaias, gritos e cartazes.
Antes do início da sessão, o cerimonial da corte leu ao menos duas vezes as condutas para advogados, jornalistas, assessores e demais presentes no plenário da Primeira Turma. Também há folders distribuídos em todas as poltronas e cadeiras.
Uma das proibições é a de filmagens ou fotografias nas sessões, o que foi reforçado no início do julgamento pelo presidente da turma, Cristiano Zanin.
As regras são similares às que o Supremo já havia instituído no julgamento que recebeu a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro.
Desde a última semana, a segurança do Supremo já previa realização de varreduras nas casas dos ministros, a restrição do acesso à praça dos Três Poderes e o reforço do policiamento.
O tribunal requisitou cerca de 30 policiais de tribunais espalhados pelo Brasil e prevê utilizar todo o seu efetivo da Polícia Judicial no esquema especial de segurança para o julgamento do ex-presidente e de outros sete réus no processo da trama golpista.
Os policiais requisitados estão na sede do STF, em Brasília, onde foi improvisado um dormitório para que eles permaneçam no local 24 horas por dia. Eles dormem em beliches e ficam à disposição para quando houver necessidade.
A avaliação de integrantes do tribunal é que o reforço no efetivo é necessário diante do aumento das ameaças que a corte e seus ministros têm sofrido devido ao julgamento da trama golpista, além da possibilidade de eventual condenação de Bolsonaro.
A requisição de policiais de outros tribunais é uma prática já realizada pelo Supremo em outras ocasiões. Atualmente, o entendimento é que a Polícia Judicial precisa de reforço no efetivo permanente, com a contratação de 40 novos policiais.
O esquema de segurança em fase final de elaboração no STF considera dois agravantes de risco. O primeiro é o fato de o julgamento ocorrer em meio às comemorações da Independência o 7 de Setembro cairá no domingo entre as duas semanas das sessões que analisarão as acusações contra o ex-presidente.
Os bolsonaristas já anunciaram manifestações que devem concorrer com os desfiles cívico-militares.
Outro sinal de alerta para os integrantes da segurança do Supremo é a avaliação de que os ataques ao tribunal podem seguir por meses após o julgamento do ex-presidente.
Nesta terça, a segurança do STF faz reuniões regulares ao longo do dia para avaliar se há risco aos ministros, advogados e aos demais participantes e espectadores do julgamento.