SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em forte alta nesta terça-feira (2), com os investidores repercutindo a divulgação dos dados do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no segundo trimestre deste ano e aguardando o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Por volta de 9h04, a moeda norte-americana subia 0,72%, cotada a R$ 5,4785.

O PIB brasileiro avançou 0,4% no segundo trimestre em relação aos três meses iniciais de 2025, apontam dados divulgados nesta terça-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado confirma uma desaceleração da economia nacional, que havia crescido 1,3% no primeiro trimestre, quando houve impacto da supersafra de grãos.

Na segunda (1º), a divisa fechou em alta de 0,31%, a R$ 5,439, e o Ibovespa teve leve queda de 0,09%, a 141.283 pontos.

A negociação foi marcada por um volume reduzido de negócios, por conta do feriado do dia do Trabalho nos Estados Unidos. Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, a alta do dólar de segunda foi sustentada por fatores técnicos.

“A valorização ocorre após forte queda no mês anterior e reflete também a pressão da queda das commodities na sessão de hoje, em especial do minério de ferro, influenciada por dados mistos de atividade na China”, afirma Shahini.

Investidores também acompanharam a guerra comercial de Donald Trump. Desta vez, as investidas são sobre a Índia.

“Eles nos vendem grandes quantidades de produtos, seu maior ‘cliente’, mas nós vendemos muito pouco a eles. Até agora, um relacionamento totalmente unilateral, e tem sido assim há muitas décadas”, postou Trump em sua rede social, nesta segunda.

O governo americano também enfrenta a Justiça do país, que julgou a maior parte das tarifas como ilegais.

No âmbito doméstico, o mercado permanece atento ao cenário eleitoral. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputam quem irá capitalizar politicamente a megaoperação contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) da última semana.

Nesta sexta, em entrevista à rádio Itatiaia, o presidente Lula afirmou que Tarcísio não seria nada sem Jair Bolsonaro (PL) e que fará o que o ex-presidente quiser.

Já o governador paulista disse que seu primeiro ato, caso eleito, será indulto ao ex-presidente.

Para Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, o ritmo é de otimismo com a candidatura de Tarcísio, visto como mais pró-mercado. “O mercado já começa a antecipar as eleições do ano que vem, e podemos esperar a volatilidade em cima dessas pesquisas que se tornarão mais recorrentes”.

O impasse comercial envolvendo Brasil e EUA também permanece no radar. O presidente Lula autorizou no final da última quinta (28) que o Itamaraty dê início ao processo para adoção de medidas da Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos.

A pasta comandada pelo ministro Mauro Vieira acionou a Camex (Câmara de Comércio Exterior), que tem 30 dias para analisar os argumentos sobre a legalidade de acionar instrumentos de retaliação.

Além disso, há um temor de que o julgamento de Bolsonaro (PL), que se inicia esta terça (2), intensifique as tensões entre os países.

Integrantes do governo Lula (PT) e do STF (Supremo Tribunal Federal) consideram real a possibilidade de Trump aplicar novas sanções econômicas contra o Brasil e outras restrições a autoridades do país com o julgamento de Bolsonaro.

Os agentes também continuaram monitorando os desdobramentos da demissão de Lisa Cook, do Fed. Segundo analistas, a tentativa de Trump demitir a diretora gera incertezas sobre a autonomia da autoridade monetária americana.

Na quinta, a diretora entrou com uma ação judicial contra presidente Donald Trump, alegando que o republicano não tem poder para destituí-la do cargo.

Uma juíza federal avaliou nesta sexta-feira (29) a possibilidade de bloquear temporariamente a demissão de Cook. A audiência judicial terminou sem decisão.

A audiência perante a juíza distrital dos EUA Jia Cobb, em Washington, é o primeiro passo do que provavelmente será uma batalha judicial prolongada que poderá acabar com a independência histórica do banco central dos EUA e provavelmente será resolvida pela Suprema Corte.