RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O consumo das famílias desacelerou no Brasil no segundo trimestre de 2025, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Na comparação com os três meses imediatamente anteriores, esse componente do PIB (Produto Interno Bruto) avançou 0,5% de abril a junho, após alta de 1% no intervalo de janeiro a março.

O consumo das famílias é considerado motor da economia. Responde por cerca de 60% do PIB pelo lado da demanda por bens e serviços.

Já os investimentos produtivos, medidos pela FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), recuaram 2,2% no segundo trimestre, também em relação aos três meses imediatamente anteriores. A FBCF havia subido 3,2% no primeiro trimestre.

O PIB como um todo teve variação de 0,4% de abril a junho. O período foi marcado pelos juros elevados para conter a inflação no Brasil. Isso dificulta o consumo e os investimentos porque o crédito fica mais caro para famílias e empresas.

O mercado de trabalho, por outro lado, seguiu mostrando sinais de força no segundo trimestre. A geração de emprego e renda é vista como estímulo para a atividade econômica em meio ao aperto dos juros.

“O total de salários reais segue crescendo e há uma manutenção dos programas governamentais de transferência de renda, o que contribui para o consumo das famílias”, avalia a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O cálculo do PIB ainda contempla consumo do governo, exportações e importações. O consumo do governo recuou 0,6% no segundo trimestre, frente aos três meses imediatamente anteriores.

As exportações, por sua vez, cresceram 0,7% na mesma base de comparação, enquanto as importações tiveram queda de 2,9%. “Está sendo um ano bom para o agro e para a indústria extrativa, que são commodities que o país exporta”, afirma Rebeca.

O comércio internacional é impactado pela guerra de tarifas aberta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Parte das exportações brasileiras para o mercado americano não escapou das sobretaxas aplicadas a partir de agosto.

O governo Lula (PT) anunciou um plano para mitigar os efeitos. Setores atingidos elogiaram o pacote, mas pediram rapidez na implementação das medidas, além de mais negociações diplomáticas para tentar derrubar o tarifaço.

Em relação ao mesmo trimestre de 2024, o consumo das famílias cresceu 1,8%, influenciado pelo aumento na massa salarial real, aumento do crédito disponível às famílias e de transferências governamentais de renda às famílias, segundo o IBGE.

O consumo do governo também apresentou variação positiva, de 0,4%. O Investimento cresceu 4,1%, puxado pelo aumento da importação de bens de capital e do desenvolvimento de software. Também houve aumento das exportações (2%) e das importações (4,4%).