Da Redação
A recém-lançada iniciativa “Ocupa o Centro”, que busca transformar a Rua 8 em polo de lazer e cultura em Goiânia, já provoca divergências. Enquanto a proposta da Prefeitura aposta na ocupação urbana como caminho para revitalizar a região central, o tradicional Cine Ritz — o cinema de rua mais antigo ainda em atividade na capital — relata prejuízos e insegurança.
Criado a partir de uma lei da vereadora Aava Santiago (PSDB), o projeto prevê o fechamento da Rua 8 para veículos em noites de sexta e sábado, além de domingos e feriados inteiros. O objetivo é oferecer espaço exclusivo para pedestres, com atividades culturais e esportivas gratuitas.
Mas o Cine Ritz, inaugurado em 1991 e considerado patrimônio cultural da cidade, denunciou atos de vandalismo durante os eventos. Em postagem nas redes sociais, mostrou pichações, vidros quebrados e afirmou que o barulho e a falta de segurança vêm afastando famílias do cinema. “O público parou de vir. Falta respeito, estacionamento e tranquilidade”, declarou a direção.
A vereadora Aava Santiago respondeu às críticas lamentando os episódios e disse já ter acionado o SESC e a própria equipe para buscar soluções conjuntas. “Sou frequentadora do Cine Ritz, tenho enorme carinho pelo espaço. O vandalismo é inaceitável e vamos trabalhar para proteger o cinema”, afirmou.
Especialistas defendem que revitalizações urbanas exigem planejamento de longo prazo. O professor Lisandro Nogueira, da UFG, lembra exemplos como Curitiba, onde a requalificação do centro envolveu moradia, vida noturna e segurança, fortalecendo a cultura local de forma sustentável.
Mesmo com as críticas, Aava destaca que a iniciativa está em fase inicial e que os problemas de insegurança e pichações já existiam antes da lei. Para ela, o projeto é uma forma de “trazer luz” ao centro e abrir debate sobre a necessidade de políticas urbanas mais amplas.
Enquanto isso, o Cine Ritz, com suas duas salas e 500 lugares, luta para manter o espaço vivo e pede apoio da sociedade. “Queremos seguir fortes, preservando o cinema mais querido da cidade. Mas precisamos de respeito e segurança para continuar”, finalizou em nota.