Da Redação
O que parecia apenas um caso de intimidação virtual revelou uma rede criminosa muito mais complexa. Dois hackers envolvidos em ameaças ao influenciador Felipe Bressanim (Felca) e à psicóloga Ana Beatriz Chamati foram apontados como integrantes de comunidades que propagam crimes de ódio, estimulam práticas violentas online e ainda lucram vendendo dados sigilosos e serviços ilegais.
A investigação conduzida pelo Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo resultou, na semana passada, na prisão de Cayo Lucas, em Olinda (PE), e na apreensão de um adolescente em Arapiraca (AL). Ambos atuavam em grupos do Discord e Telegram, como a comunidade “Country”, que promove estupro virtual, automutilação e comércio de imagens de abuso sexual infantil.

Segundo a polícia, Cayo era responsável por fornecer informações oficiais de possíveis alvos, incluindo fotos, telefones e endereços. Ele chegou a induzir uma adolescente à automutilação pouco antes de ser preso. Seus “serviços” incluíam adulteração de registros públicos, exclusão de certificados de óbito e até bloqueio de contas bancárias — ações que custavam entre R$ 150 e R$ 500. O faturamento semanal estimado do grupo era de até R$ 30 mil.
No momento da prisão, Cayo estava acompanhado de Paulo Vinícius, que também foi detido por acessar ilegalmente sistemas da Secretaria de Segurança Pública de Alagoas. Agora, a polícia busca mapear a rede de clientes e vítimas envolvidas no esquema.
Um dos alvos preferenciais dos ataques foi o influenciador Felca, após o lançamento do vídeo “Adultização”, que denuncia a exploração da imagem de crianças e adolescentes na internet. A psicóloga Ana Beatriz Chamati, que participa do projeto, também recebeu ameaças. A investigação revelou ainda que Cayo chegou a forjar um mandado de prisão falso contra Felca para tentar inseri-lo em bases de dados oficiais.
O caso se conecta a outras apurações em andamento, como a que envolve o influenciador Hytalo Santos, preso em agosto junto ao marido, acusado de exploração de menores em conteúdos digitais. O Ministério Público aponta que, desde que teve ciência da investigação, Hytalo já tentava ocultar provas e intimidar testemunhas.