SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A vereadora de São Paulo Janaina Paschoal (Progressistas) associou o uso de PrEP (Profilaxia pré-exposição), método de prevenção contra o HIV, ao aumento de infecções por sífilis.

No X, ex-Twitter, a representante questionou o quanto a gestão Ricardo Nunes (MDB) gasta com o medicamento, que, afirma ela, as pessoas usam para fazer sexo sem camisinha.

“Quem ganha com o abandono das campanhas para uso de preservativos? Preservativos evitam uma série de doenças, gravidez não planejada, aborto… Depois que esses remédios para fazer sexo irresponsável passaram a ser dados como água, houve uma explosão de sífilis. Precisamos falar sobre isso!”, escreveu Janaina na terça-feira (26).

À Folha de S.Paulo, ela disse acompanhar o tema há anos e encaminhou um estudo publicado em 2019 pela Universidade Monash, na Austrália, afirmando que 72% das pessoas que utilizavam PrEP há pelo menos um ano haviam sido diagnosticadas com clamídia, gonorreia ou sífilis no período.

A Secretaria Municipal da Saúde diz que a associação da vereadora é improcedente. Em nota, a pasta afirma que as profilaxias pré e pós-exposição ao HIV (PrEP e PEP, respectivamente) integram uma estratégia de prevenção “reconhecida internacionalmente e responsável pela expressiva redução de novas infecções por HIV em São Paulo”.

Segundo a pasta, a capital registra oito anos consecutivos de queda nos novos casos, com redução acumulada de cerca de 55% desde 2016 (sendo 59% entre jovens). Atualmente, a cidade conta com mais de 70 mil cadastros ativos de usuários de PrEP e já realizou mais de 11 mil atendimentos de PrEP e PEP pelo SPrEP apenas entre junho de 2023 e julho de 2025.

“Além da PrEP e da PEP, a cidade ampliou o acesso a preservativos e testagem, tendo distribuído mais de 82 milhões de preservativos entre janeiro de 2024 e julho de 2025.

Em relação à sífilis, São Paulo figura hoje entre as capitais brasileiras com menor taxa de incidência de sífilis congênita, de acordo com boletim do Ministério da Saúde publicado em outubro de 2024. Portanto, não procede a associação entre o uso da PrEP e um aumento da doença”, diz o município.

Em boletim epidemiológico publicado no ano passado, o Ministério da Saúde mostrou que, de 2010 a 2024, o Brasil registrou 1.538.525 casos de sífilis adquirida, com uma tendência de crescimento ao longo de todo o período da pesquisa, exceto em 2020, quando houve uma redução para 59,7 casos por 100 mil habitantes.

Em 2021, o número voltou a crescer, atingindo 81,4 casos por 100 mil habitantes, e alcançou 113,8 casos por 100 mil habitantes em 2023, a maior taxa registrada no período.

Nada indica, porém, influência da distribuição de PrEP nisso. Além da profilaxia, os serviços de saúde de todo país seguem oferecendo preservativos.