SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O PT anunciou nesta segunda-feira (1º) que fará transmissão própria do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF (Supremo Tribunal Federal) em TV, rádio e redes sociais do próprio partido.

De acordo com a sigla, a transmissão será feita diretamente do STF, a partir desta terça (2), às 8h, com uma repórter entrevistando deputados e senadores petistas ao vivo. A partir das 9h, horário programado para o início do julgamento, o presidente nacional, Edinho Silva, e o secretário de Comunicação, Éden Valadares, receberão especialistas em um estúdio para debater o processo da trama golpista.

Os serviços de comunicação são pagos com dinheiro do próprio partido, que é proveniente do fundo eleitoral e de doações à sigla. A maior parte é relativa ao fundo, que corresponde a mais de 80% do dinheiro em caixa divulgado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até o momento. O PT é o segundo partido que mais recebe fundo eleitoral, com repasses de R$ 11 milhões mensais, atrás apenas do PL, que recebe cerca de R$ 15 milhões por mês.

Até o momento, o partido não divulgou o quanto gastou na contratação dos serviços para transmitir o julgamento. Em março, a sigla já havia feito a cobertura ao vivo da denúncia contra Bolsonaro, também sem ter discriminado os gastos com a transmissão.

O PT justifica a cobertura própria alegando se tratar de um julgamento histórico. “Esse grupo conspirou, planejou os assassinatos do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, em uma clara tentativa criminosa de romper com a ordem democrática”, diz Edinho Silva em nota divulgada no site do partido.

Também na página da sigla, Éden Valadares afirma que o julgamento deixa o país em “uma encruzilhada” e que, por isso, “o PT vai sim acompanhar, monitorar e dar conhecimento à sua base de militantes, filiados e simpatizantes de cada momento deste julgamento”.

Os convidados dos dois primeiros dias de julgamento serão o jurista Lenio Streck e o advogado Marcelo Uchôa.

Bolsonaro é acusado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de praticar os crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, além de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Ele nega ter cometido qualquer irregularidade.

Ele pode pegar sete anos de prisão em regime fechado caso seja condenado à pena máxima de 43 anos pelos crimes listados na acusação. Além dele, são réus no processo Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-ministro do GSI); Mauro Cid (ex-chefe da Ajudância de Ordens, que também é delator), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil).

Para o julgamento, o esquema de segurança do STF foi reforçado, com a restrição do acesso à praça dos Três Poderes, ampliação do efetivo policial, com agentes dormindo na sede da corte, e varreduras nas casas dos ministros.

O STF divulgou que 501 profissionais de imprensa possuem credencial para circular no local durante os cinco dias de cobertura do julgamento.