SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Apontado por policiais como “sniper do tráfico”, Erickson David da Silva, 30, o Deivinho, foi condenado a 45 anos e 2 meses de prisão pela morte do soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) Patrick Bastos Reis, 30, em 27 de julho de 2023.
Deivinho foi condenado por quatro crimes. Além da morte do soldado, ele vai responder por três tentativas de homicídio contra outros policiais, associação para o tráfico e posse de insumo para drogas. A sentença foi publicada no dia 29 de agosto.
Pena foi agravada pelos maus antecedentes do réu, afirmou o magistrado. Na decisão, o juiz Edmilson Rosa dos Santos, da 3ª Vara Criminal do Guarujá, também citou o caso do policial Fabiano Marin, que ficou com sequelas após ter a mão esquerda gravemente ferida por um disparo do acusado.
Outros dois réus acusados de envolvimento no crime também foram julgados. O irmão de Deivinho, Kauã Jazon da Silva, foi condenado apenas por associação para o tráfico, mas vai responder pelo crime em liberdade. Já o outro réu, Marco de Assis Silva, conhecido como Mazaropi, foi absolvido dos crimes. Para a Polícia Civil, no entanto, os dois estavam no local em que o crime ocorreu e não tentaram impedir Deivinho.
PM da unidade de elite da corporação foi morto com um tiro no peito. Ele fazia patrulhamento na comunidade da Vila Zilda, em Guarujá, na Baixada Santista. Quatro dias depois do crime, policiais civis da Baixada Santista apreenderam uma pistola 9 mm e projéteis do mesmo calibre em um beco da comunidade Vila Júlia. Os investigadores atribuíram a arma e os disparos a Deivinho e ele acabou preso.
Depois da morte do soldado, 600 policiais foram deslocados à Baixada Santista para participar da Operação Escudo. As ações deixaram ao menos 28 mortos. Segundo o governo paulista, não houve abuso policial.
Na ficha criminal de Deivinho constam três passagens por roubo e uma por formação de quadrilha. Em 3 de junho de 2015, o assaltante foi condenado a 5 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado. O criminoso chegou a ficar preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de São Vicente, na Baixada Santista. Ele também passou pelo CPP (Centro de Progressão Penitenciária) de Mongaguá, de regime semiaberto, e em 16 de fevereiro de 2016 foi beneficiado com prisão albergue domiciliar.
ACUSADO SEMPRE NEGOU ENVOLVIMENTO NA MORTE DO SOLDADO
A advogada Karina Renata Rodrigues afirmou que Deivinho é dependente químico. Segundo ela, o acusado trabalhava como olheiro na comunidade em troca de entorpecentes. Ela disse que ele recebia R$ 50 por dia. A defensora também argumentou que Deivinho é muito pobre, morava em casa humilde e que a mãe dele ganhava mais do que o filho fazendo faxina diária.
Deivinho está preso na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. O presídio é um forte reduto do PCC (Primeiro Comando da Capital) e abriga prisioneiros considerados de altíssima periculosidade. Na avaliação de Karina, os laudos periciais indicam que Deivinho é inocente, não matou o soldado Reis.
Karina afirma que Deivinho nunca segurou um fuzil, um rifle ou qualquer arma de precisão. A advogada defendeu ainda que ele jamais poderia ser chamado de “sniper”. A criminalista também defende Kauã e diz que a situação dele é ainda pior do que a de Deivinho, porque ele é dependente químico, mais viciado do que o irmão, sendo inclusive conhecido como “noia” na comunidade, e nunca teve envolvimento com o crime.