SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar opera em leve alta nesta segunda-feira (1º), com os investidores esperando a divulgação dos dados do PIB e também o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ambos estão previstos para ocorrer nesta terça-feira (2).
Às 12h56, a moeda norte-americana subia 0,39%, cotada a R$ 5,4424. Na sexta-feira (29), o dólar fechou com alta de 0,29%, cotado a R$ 5,421. Já a Bolsa bateu o recorde histórico nominal de fechamento do Ibovespa ao fechar aos 141.422 pontos, uma alta de 0,36%.
Nesta segunda, o Ibovespa recuava 0,22%, a 141.104 pontos.
O índice brasileiro acompanha Wall Street. O S&P 500 recuava 0,63% e o Dow Jones, 0,20%. Já o Nasdaq cedia 1,15%.
Investidores acompanham a guerra comercial de Donald Trump. Desta vez, as investidas são sobre a Índia.
“Eles nos vendem grandes quantidades de produtos, seu maior ‘cliente’, mas nós vendemos muito pouco a eles. Até agora, um relacionamento totalmente unilateral, e tem sido assim há muitas décadas”, postou Trump em sua rede social.
O governo americano também enfrenta a Justiça do país, que julgou a maior parte das tarifas como ilegais.
No cenário doméstico, o mercado permanece atento ao cenário eleitoral. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputam quem irá capitalizar politicamente a megaoperação contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) da última quinta.
A operação mirou mais de 350 alvos, pessoas físicas e jurídicas, que são utilizadas pelo PCC em operação do mercado financeiro formal.
Pelas estimativas dos investigadores, o conjunto de negócios que foi alvo da operação movimentou cerca de R$ 30 bilhões para o crime organizado. Os agentes têm mandados para bloquear R$ 1,4 bilhão.
Nesta sexta, em entrevista à rádio Itatiaia, o presidente Lula afirmou que Tarcísio não seria nada sem Jair Bolsonaro (PL) e que fará o que o ex-presidente quiser.
“Nós temos que reconhecer que o Bolsonaro tem uma força no setor de extrema direita muito forte. O Tarcísio vai fazer o que o Bolsonaro quiser. Até porque, sem o Bolsonaro, ele não é nada. Ele sabe disso”, afirmou Lula na entrevista.
Pesquisa Atlas/Intel da última quinta mostrou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um cenário hipotético de segundo turno das eleições presidenciais de 2026.
O levantamento realizado pela Atlas/Intel indica Tarcísio marcando 48,4% contra 46,6% de Lula na disputa presidencial do ano que vem.
Para Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, o ritmo é de otimismo com a candidatura de Tarcísio, visto como mais pró-mercado. “Segue o bom momento da Bolsa com o Tarcísio. O mercado já começa a antecipar as eleições do ano que vem, e podemos esperar a volatilidade em cima dessas pesquisas que se tornarão mais recorrentes”.
O impasse comercial envolvendo Brasil e EUA também permaneceu no radar. Os canais de conversa entre os países para negociar a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros continuam fechados.
O presidente Lula (PT) autorizou no final da ultima quinta (28) que o Itamaraty dê início ao processo para adoção de medidas da Lei da Reciprocidade contra os Estados Unidos.
A pasta comandada pelo ministro Mauro Vieira acionou a Camex (Câmara de Comércio Exterior), que tem 30 dias para analisar os argumentos sobre a legalidade de acionar instrumentos de retaliação.
Além disso, há um temor de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), marcado para a próxima semana, intensifique as tensões entre os países.
Integrantes do governo Lula (PT) e do STF (Supremo Tribunal Federal) consideram real a possibilidade de Trump aplicar novas sanções econômicas contra o Brasil e outras restrições a autoridades do país com o julgamento de Bolsonaro.
Na cena internacional, o destaque ficou para a inflação dos EUA, medida pelo índice de preços PCE, métrica preferida do Fed (Federal Reserve, banco central americano) para sua meta inflacionária de 2%.
Segundo o Departamento de Comércio dos EUA nesta sexta, o PCE subiu 0,2% em julho na comparação com o mês anterior, após registrar alta de 0,3% em junho. Nos 12 meses até julho, o índice PCE avançou 2,6%, igualando o resultado de junho.
Os dados fizeram com que operadores aumentassem de 85% para 90% a probabilidade de que o Fed iniciará uma série de cortes graduais na taxa de juros em setembro.
Jerome Powell, presidente do BC americano, sinalizou um possível corte durante discurso na última sexta. O Fed vem mantendo a taxa de juros entre 4,25% e 4,5% desde dezembro do ano passado.
Para os mercados de renda variável e de câmbio, cortes nos juros do Fed são uma boa notícia, já que costumam vir acompanhados de uma injeção de recursos de investidores egressos da renda fixa norte-americana. Quando os juros por lá caem, os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos Estados Unidos também caem.
Entretanto, para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a resistência da economia norte-americana, com inflação persistindo acima da meta, sinaliza para um ritmo mais lento de cortes na taxa.
“Juros mais altos nos Estados Unidos exercem uma pressão de alta sobre a taxa de câmbio do real, o que favorece o valor global do dólar”.
Os agentes também continuaram monitorando os desdobramentos da demissão de Lisa Cook, do Fed. Segundo analistas, a tentativa de Trump demitir a diretora gera incertezas sobre a autonomia da autoridade monetária americana.
Na quinta, a diretora entrou com uma ação judicial contra presidente Donald Trump, alegando que o republicano não tem poder para destituí-la do cargo.
Uma juíza federal avaliou nesta sexta-feira (29) a possibilidade de bloquear temporariamente a demissão de Cook. A audiência judicial terminou sem decisão.
A audiência perante a juíza distrital dos EUA Jia Cobb, em Washington, é o primeiro passo do que provavelmente será uma batalha judicial prolongada que poderá acabar com a independência histórica do banco central dos EUA e provavelmente será resolvida pela Suprema Corte.