SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O suíço Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa (Federação Internacional de Futebol), e o francês Michel Platini, ex-presidente da Uefa (União das Associações Europeias de Futebol), foram absolvidos de maneira definitiva nesta quinta-feira (28), na Suíça. O julgamento estava relacionado a uma investigação iniciada há dez anos por supostas práticas de fraude, falsificação e apropriação indébita de cerca de 2 milhões de francos suíços (R$ 13,5 milhões).
O caso afastou o ex-jogador da seleção francesa da corrida pelo posto de presidente da Fifa, abrindo espaço para a eleição daquele que era seu braço direito na Uefa, o suíço-italiano Gianni Infantino.
Em setembro de 2015, a Procuradoria-Geral da Suíça anunciou a abertura de uma ação criminal contra Blatter, que havia comunicado meses antes que deixaria o comando da Fifa, após 17 anos no cargo, em meio a um escândalo de corrupção envolvendo o pagamento de propinas a dirigentes da entidade.
A acusação apontava que, em 2011, quando foi reeleito, Blatter teria feito um pagamento irregular no valor de 2 milhões de francos suíços a Platini, então presidente da Uefa. O pagamento, segundo a defesa, referia-se a serviços prestados entre janeiro de 1999 e junho de 2002.
As autoridades suíças acusaram o dirigente de má gestão e apropriação indevida de recursos. Nos dois casos, a pena de prisão poderia chegar a cinco anos.
Quando a ação veio à tona, Platini era o candidato favorito à sucessão de Blatter. A dupla negou irregularidades e afirmou que o dinheiro pago estava previsto em um “contrato com a Fifa”.
De acordo com a defesa, o atraso de nove anos para o pagamento ocorreu devido à incapacidade financeira da entidade na época.
“Eu fui empregado pela Fifa como assessor especial do presidente Joseph Blatter, trabalhando em várias questões relacionadas ao futebol, tais como o calendário do futebol internacional. Foi uma ocupação em tempo integral”, declarou o francês.
“Como expliquei às autoridades suíças, recebi somente parte do salário acordado entre 1998 e 2002”, acrescentou. “Isso aconteceu porque, à época, a Fifa me informou que não poderia me pagar o montante total acertado. Claro que todas as cifras recebidas foram declaradas às autoridades pertinentes.”
A acusação surgiu durante o que ficou conhecido como Fifagate, quando investigadores federais dos Estados Unidos apuraram denúncias de corrupção na cúpula do futebol mundial. Em maio de 2015, sete dirigentes foram presos em Zurique, entre eles José Maria Marin, então vice-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
A posição de Blatter se tornou insustentável. Ele e Platini foram suspensos pelo comitê de ética da Fifa, o que marcou o fim de suas trajetórias na entidade. Isso abriu caminho para Gianni Infantino, então secretário-geral da Uefa, eleito presidente da Fifa em 2016 e que permanece no cargo até hoje.
Em julho de 2022, Blatter e Platini haviam sido absolvidos pela Justiça suíça da acusação de desvio de 2 milhões de francos suíços, mas a Promotoria recorreu da decisão.
Nesta quinta-feira, a acusação anunciou que desistiu do recurso por falta de evidências.
“O Ministério Público da Confederação (MPC) desiste de recorrer, aceitando assim o veredicto emitido em primeira e segunda instâncias”, informou a Promotoria suíça.
“Sei que era uma história para me impedir de ser presidente da Fifa”, declarou Michel Platini.