JOÃO PERASSOLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fernanda Yamamoto mostrou neste domingo (28), último dia da São Paulo Fashion Week, uma coleção pensada para os clientes e amigos da marca, sem um tema específico englobando o conjunto. Muito do que se viu era um misto de costura e escultura, com peças que poderiam sair dos corpos e ir para exposições de arte. Seu desfile foi um dos melhores da semana de moda.
Trabalhando com o preto, o branco e o cinza, numa cartela de cores bem sóbria, as peças não eram muito convencionais, mas davam vontade de usar. No masculino, se destacou um longo casaco cinza com a padronagem quadriculada característica da marca e também uma jaqueta bomber amassada, na mesma cor.
No feminino, a estilista paulistana mostrou vários looks com organzas em preto ou branco usadas de diversas formas -como transparências colocadas sobre vestidos brancos, como mangas para os braços ou transformadas vestidos quadriculados. Uma peça interessante foi um casaco oversized em estilo pufe, feito de formas geométricas vazadas.
Bordados em pedraria também foram bastante explorados na coleção, apresentada num desfile com 30 modelos de diversas idades e tipos de corpo.
Na sequência, Walério Araújo abusou dos brilhos e das cores num desfile em homenagem à apresentadora Elke Maravilha, sua amiga pessoal e para quem desenhou figurinos. “Ela foi uma precursora da Lady Gaga, ficava entre o conceito e a fantasia”, disse o estilista.
Os looks foram todos absurdos, como era de se esperar na celebração da diva morta em 2016 -botas brilhosas vermelhas, roxas e azuis em camurça e vinil que chegavam até a virilha, gatos, peixes e plumas de pavão como acessórios de cabeça, bolsas felpudas ou em formato de abacaxi.
Araújo explora ao limite os temas a que dedica seus desfiles, isto é, na passarela cada look conta uma história com início, meio e fim. Uma das modelos tinha um top em formato de boca combinado com uma tiara onde se lia a palavra “Elke”, e outra entrou vestida de coração carregando uma flecha na cabeça.
Contudo, os looks iam na direção oposta, apostando numa paleta de cores alegres. O show abriu com uma série de vestidos longos em variados tons de verde, incluindo alguns com grandes estampas na frente. Nesta coleção, o estilista também explorou os plissados, que apareceram em vestidos roxos e lilases.
As proporções são over, e, como na coleção passada, as camisetas-vestido com estampas que fazem referência ao cinema voltaram. A estação foi inspirada pelo longa “Afogando em Números”, de Peter Greenaway -os números apareceram em brincos prateados na forma de algarismos.
Lino Villaventura fechou a semana de moda com seu vestuário autoral definido pela própria marca como “artwear”, ou arte para vestir. Eram audíveis os murmúrios de encanto da plateia a cada look que desfilava, numa apresentação em que todas as peças foram feitas minuciosamente.
O primeiro look, por exemplo, era um vestido semitransparente carregado de bordados coloridos na parte superior que ficava plissado conforme chegava à barra, porção da roupa com gradações em lilás e amarelo.
Reynaldo Gianecchini fez duas entradas -na primeira com uma espécie de sobretudo colado ao corpo com a barra terminada em recortes assimétricos, e na segunda com um visual meio dândi, de camisa branca e calças pretas de alfaiataria com bolsos que se estendiam até depois dos joelhos.
A atriz Silvia Pfeiffer fechou o desfile com um vestido escultural cuja gola subia até invadir seu rosto. As roupas tinham tantos detalhes, camadas, tanto trabalho em cada peça que fica difícil apontar o que foi melhor numa apresentação em que tudo era de tirar o fôlego.