SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar ronda a estabilidade no começo da tarde desta quinta-feira (28) com os investidores repercutindo números da economia dos Estados Unidos em busca de sinais sobre os próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).
Às 13h05, a moeda norte-americana caía 0,12%, cotada a R$ 5,409. No mesmo horário, a Bolsa subia 1,68%, a 141.551 pontos a caminho da máxima histórica e impulsionada pela recuperação das ações de bancos brasileiros e pela alta dos papéis das distribuidoras de combustível após megaoperação da Polícia Federal contra PCC (Primeiro Comando da Capital).
A agenda do dia também é marcada por pesquisa envolvendo o cenário eleitoral de 2026 e falas de autoridades.
Na agenda internacional, dados econômicos estão no foco. Segundo o Departamento de Comércio dos EUA nesta quinta, o PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos teve alta anualizada de 3,3% no segundo trimestre de 2025. A primeira leitura, divulgada há cerca de um mês, havia apontado avanço de 3%.
Apesar dos números da economia americana mostrarem crescimento, analistas ainda projetam um corte de juros para setembro pelo Fed. Jerome Powell, presidente do BC americano, sinalizou um possível corte durante discurso na última sexta.
Operadores precificam 84% de chance de uma redução de 0,25 ponto percentual em setembro, segundo dados da LSEG, com outro corte de mesma magnitude totalmente precificado até dezembro.
O Fed vem mantendo a taxa de juros entre 4,25% e 4,5% desde dezembro do ano passado. Para os mercados de renda variável e de câmbio, cortes nos juros do Fed são uma boa notícia, já que costumam vir acompanhados de uma injeção de recursos de investidores egressos da renda fixa norte-americana. Quando os juros por lá caem, os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos Estados Unidos também caem.
Os agentes também continuam monitorando os desdobramentos da demissão de Lisa Cook, do Fed. Segundo analistas, a tentativa de Trump demitir a diretora gera incertezas sobre a autonomia da autoridade monetária americana.
Lisa é uma três diretoras do Fed com mandato que ultrapassa o período de governo de Trump, e foi uma das nove diretoras que votou pela manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,5% na reunião realizada no fim de julho, decisão que irritou Trump.
A diretora do Fed afirmou que a sua demissão não tem amparo legal e que também não vai renunciar ao posto.
Na cena doméstica, uma nova pesquisa divulgada nesta manhã apresentou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um cenário hipotético de segundo turno das eleições presidenciais de 2026
O levantamento realizado pela Atlas/Intel indica Tarcísio marcando 48,4% contra 46,6% de Lula na disputa presidencial do ano que vem.
Tarcísio é considerado o principal nome da centro-direita para concorrer à Presidência contra o petista em 2026 e é tratado como candidato por banqueiros e empresários.
O mercado também acompanha as consequências da força-tarefa que atua para cumprir mandados de busca, apreensão e prisão em empresas do setor de combustíveis e do mercado financeiro nesta quinta. A operação mira mais de 350 alvos, pessoas físicas e jurídicas, que são utilizadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).
Pelas estimativas dos investigadores, o conjunto de negócios que foi alvo da operação nesta quinta movimentou cerca de R$ 30 bilhões para o crime organizado. Os agentes têm mandados para bloquear R$ 1,4 bilhão.
Como reflexo, as ações de distribuidoras de combustível subiram forte no começo desta tarde. Os papéis da Ultrapar (dona dos postos Ipiranga) subiam 7,31%, acompanhadas por altas de 5,66% e 5,01% nos papéis da Raízen e Vibra Energia (maior distribuidora de combustíveis do Brasil), respectivamente.
Além do mercado financeiro e setor de combustíveis, a atuação de grupos de crime organizado também é investigada no mercado imobiliário, transporte público, clínicas odontológicas, entre outros.
As tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de negociar a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros permanecem no radar dos investidores.
Os canais de negociação entre os países continuam fechados e há um temor de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), marcado para a próxima semana, intensifique as tensões.
Integrantes do governo Lula (PT) e do STF (Supremo Tribunal Federal) consideram real a possibilidade de Trump aplicar novas sanções econômicas contra o Brasil e outras restrições a autoridades do país com o julgamento de Bolsonaro.
Segundo relatos de aliados que estiveram com o Bolsonaro nos últimos dias, ele considera uma condenação no processo da trama golpista de 2022 no STF (Supremo Tribunal Federal) como certa.
Esses aliados também preveem uma condenação, mas esperam que a Primeira Turma do Supremo não aplique a pena máxima pelos crimes que devem ser imputados a Bolsonaro.
Além disso, ministros do STF têm avaliado que uma prisão do ex-presidente Bolsonaro não deve ser cumprida em um quartel do Exército.
A avaliação parte de uma leitura no Supremo de que uma possível detenção de Bolsonaro em área militar poderia precipitar movimentos de apoiadores do ex-presidente em área próxima ao QG do Exército uma reedição dos acampamentos golpistas de 2022.