SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A lancha que desapareceu com três pessoas no último sábado no litoral sul de São Paulo foi encontrada nesta quarta-feira (27) na região onde fica a Ilha da Queimada Grande, popularmente conhecida como Ilha das Cobras. Proibida para turistas, ela é famosa pela alta densidade populacional de serpentes.
COMO É A ILHA
É uma unidade de conservação gerida pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). A Ilha da Queimada Grande recebe esse nome devido às queimadas que antigos pescadores faziam para afastar as cobras. Eles chegavam à região para descansar sem saber que ali havia muitas delas.
Turistas não podem acessar a ilha. A área é restrita para pesquisadores e profissionais ambientais, que precisam de uma autorização antes de embarcar. A permissão só é concedida depois de a pessoa apresentar uma proposta que é avaliada pelo ICMBio.
Desembarque é perigoso. A ilha está localizada entre as cidades de Peruíbe e Itanhaém, a 35 km de distância da costa. Um costão rochoso traz risco de acidentes para desembarcar, e é preciso estar com vestimentas adequadas. Em fotos, pesquisadores aparecem com calças compridas, botas de cano longo ou calçados fechados com perneiras (protetores nas canelas).
Tem uma das maiores concentração de serpentes por metro quadrado do mundo. Um levantamento realizado no final da década de 2000 indicou que a ilha de 430 mil metros quadrados abriga cerca de 3.000 exemplares do réptil.
Jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) é a presença ilustre da ilha. Ela está criticamente ameaçada de extinção e é considerada uma espécie endêmica, ou seja, não é encontrada em nenhuma outra parte do mundo.
Isolada no local, a serpente se desenvolveu diferente daquelas que estão no continente: sem presa terrestre, ela começou a subir nas árvores em busca de aves. A adaptação fez com que seu veneno ficasse mais forte para abater a presa mais rápido. Trabalhos de monitoramento indicam que há 2.000 delas no território, cerca de uma a cada 300 metros.
Outra espécie endêmica habita a ilha. O anfíbio Scinax peixotoi é um sapo de 18 a 25 milímetros, encontrado em bromélias. Ele tem olhos protuberantes, dorso amarronzado e manchas escuras na lateral do corpo.