SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Mag é daqueles endereços para colocar na listinha dos lugares para ir logo, antes que comece a ganhar prêmios e acumular espera na porta. No dia da visita, um almoço de sábado, o movimento estava tranquilo e quem atendia as mesas era o próprio chef —o que é cada vez mais raro na cidade e foi uma ótima surpresa.

Quando isso acontece, é como se uma ponte fosse construída entre o salão e as panelas. Parece bobagem, mas vem uma sensação de acolhimento, de cuidado. Que se estendeu durante toda a experiência ali, com os pratos sendo montados na cozinha aberta sob o olhar atento e discreto de quem criou as receitas.

Além da minha própria mesa, Pedro Pineda percorria outras com a mesma preocupação.

O Mag ocupa um galpão amplo no Bom Retiro, o que rende aquele prazer de estar fora do burburinho conhecido da zona oeste. Um longo balcão vermelho separa a cozinha das pequenas mesas dispostas em fila. Quem senta de frente, observa os movimentos assertivos dos cozinheiros, o que faz da casa um lugar gostoso também para ir sozinho sem se sentir solitário.

Começamos com carne crua (R$ 65). Pode parecer só um steak tartare convencional, com coxão mole picado na faca e milho andino pra fazer uma graça. Mas não. O prato recebe maionese da casa, vinagrete de gochujang (um condimento coreano picante), cebola roxa, maçã verde e molho de ostra e mel. O resultado é leve e fresco. Comemos como entrada, mas também dá para pedir numa versão maior, como prato (R$ 91).

Na sequência, arroz de camarão (R$ 92). O arroz-cateto cozido no molho de tomate da casa e caldo de peixe leva sofrito de pimentões, cebola e bacon, belos camarões, ervilha-torta, coentro e salsinha. Daqueles pratos para comer devagar, apreciando a complexidade de aromas e sabores que fazem salivar a cada mordida. O defeito é vir pouco.

O porco à milanesa, arroz-cateto, ovo mole e molho à base de porco e frango (R$ 89) vem mais bem servido. O tal “ovo mole” é uma omelete incrivelmente macia. É sobre ela que descansa o bife de copa-lombo empanado. A crosta crocante e sequinha guarda uma carne tenra e saborosa.

De sobremesa, há duas opções: pudim de tahine com creme batido (R$ 27) e musse de chocolate (R$ 32). A primeira é imperdível. Para degustar sem pressa, tentando registrar na memória a textura aveludada e o sabor do puxuri, semente amazônica que remete à noz-moscada, mas menos picante e mais amendoada.

A musse é para quem gosta de sabores fortes e concentrados. Com chocolate 70%, leva também licor de café, pimenta de Sichuan, azeite e flor de sal.

No fim, é difícil reduzir a cozinha do Mag a um tipo de culinária. O chef, que estudou para ser cozinheiro na Itália e tem passagens por casas como Beverino e Mila, mescla influências brasileiras, bolivianas, coreanas, espanholas e judaicas.

De certo é que o nome do restaurante veio da música “Magnólia”, de Jorge Ben Jor. A letra começa com a pergunta que a gente também se faz entre um prato e outro por ali: “O que eu quero mais?”. Vai ser preciso voltar lá para conferir.