SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A carreira de André Cunha como performance manager deu uma guinada depois que foi convidado a se mudar para a Inglaterra e trabalhar diretamente com Gabriel Jesus. Ele deixou o Brasil há sete anos, atuou com mais jogadores com passagens pela seleção e desenvolveu um projeto, apostando na saúde e performance, que veio a virar empresa.
PREPARAÇÃO FÍSICA FORA DO CONVENCIONAL
Mas, afinal, o que de fato faz um performance manager? André Cunha explicou: “Tem que sair do papel de especialista, seja este de preparador físico ou fisioterapeuta, para se tornar mais generalista e que vai buscar soluções em diferentes áreas”. Em outras palavras, é como se fosse um gestor de saúde.
“Além de fazer intervenções preventivas individualizadas e de recuperação, esse profissional faz o que a gente chama de monitoramento de fadiga e de saúde e performance. Acompanha como que está a prontidão, o acúmulo de fadiga ao longo dos treinos, dos jogos, e aí vai manejando com avaliações diárias e ao longo da temporada”, disse André Cunha, CEO e Head de performance da Volt Sports Science, ao UOL.
O empreendedor afirmou que esse acompanhamento, denominado de “serviço premium”, pode estender a carreira dos atletas por mais alguns anos até três ou quatro. Por isso, brincou que os gastos dos jogadores com tal cuidado com a saúde são consideravelmente inferiores aos possíveis retornos financeiros. “É
Na Inglaterra, o preparador físico teve contato com outros atletas com passagens pela seleção brasileira e expandiu sua atuação. Foi lá onde conheceu seu sócio, Túlio Horta, que já trabalhava junto do meio-campista Fred e do lateral Alex Telles quando a dupla, com passagens pela seleção, defendia o Manchester United. Depois, o goleiro Ederson se juntou ao grupo, enquanto Cunha seguiu acompanhando Gabriel na ida para o Arsenal.
A meia década ao lado de Gabriel Jesus abriu portas e trilhou o caminho para a criação da Volt Sports Science. Nesse período, o performance manager montou uma “extensão” do CT na casa do jogador. O intuito foi criar uma programação diária voltada a potencializar o rendimento do atleta, de fora para dentro de campo, ao focar em nutrição, saúde mental, recuperação e treinamentos direcionados. Sempre alinhado e seguindo a agenda dos clubes, conforme ressaltou.
A fundação da empresa veio com o desejo de empreender após o fim do ciclo com o atacante, e outros jogadores passaram a abraçar a ideia. O encerramento da parceria foi “natural” e eles mantêm contato, segundo o profissional. Em 2023, lançou a Volt em sociedade.
O boca a boca entre os boleiros, inclusive, teve papel fundamental nesse processo. Ao longo das temporadas na Inglaterra, a recomendações entre os próprios atletas fez a cartela de clientes se diversificar e não ficar restrita a brasileiros. Ederson e Gabriel Magalhães o zagueiro presente em mais uma lista de Ancelotti são os principais nomes, mas estrangeiros como Jonathan David e Chadi Riad também trabalham com eles atualmente, além de uma série de representantes no futebol brasileiro.
Eu costumo falar para eles: ‘Vocês jogam bola a vida inteira, nisso a gente não tem que mexer’. A gente tem que entender onde estão os freios, e normalmente é na nutrição, no sono, nos hábitos, na inteligência emocional, nas escolhas, na rede de suporte. Daí você mexe em uma coisa, impacta todas as outras e aquela bola começa a aflorar.
Agora focado no futebol, o performance manager fez o “caminho contrário” dos jogadores após ter uma trajetória diversificada nos esportes. Até se firmar no atual nicho, Cunha passou anos acompanhando o tenista Thomaz Bellucci e trabalhou também com o nadador Cesar Cielo e o lutador Vitor Belfort, entre outros atletas, o que fez com que ele expandisse seu “repertório” de atuação. Neste ano, veio a decisão de expandir as atividades da empresa para o mercado brasileiro.
“Nós somos brasileiros, mas a Volt nasceu fora para depois internacionalizarmos para o Brasil. Acho que foi natural porque tanto eu como Túlio estávamos aqui [na Inglaterra] e a Europa estava mais aberta para esse trabalho. Então, teve essa questão de esperarmos o timing e maturarmos a empresa”, afirma André Cunha.