SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O que mudará na sua televisão, que pode virar mais um lugar para comprinhas, Índia sofre com a punhalada de Trump, um fenômeno chamado Nvidia e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (28).
**A T.V. DO FUTURO CHEGOU. SERÁ?**
Imagine que você vendo um programa de culinária na televisão decide fazer a receita que a apresentadora mostrou para o almoço. Você percebe que não tem os ingredientes necessários.
Não há problema, você pode comprá-los na própria televisão. E enquanto faz isso, descobre que a panela usada por ela está na promoção por um anúncio. Esse futuro está cada vez mais próximo, mas ainda não chegou.
O governo assinou nesta quarta-feira (27) um decreto que implementa a nova geração da TV aberta, apelidada de TV 3.0. Basicamente, ela integra funções da televisão aberta e fechada às da internet.
Simulação de serviços da TV 3.0 durante partida entre Flamengo e Atlético Mineiro – Foto: Reprodução Rede Globo
SEGURA A ANSIEDADE
As empresas do setor televisivo contam com a novidade para estancar a perda de receita publicitária para as redes sociais e buscadores.
Em 2024, o meio internet ultrapassou o meio TV pela primeira vez em verba publicitária. A TV deteve 36,5% do bolo publicitário total do Brasil (R$ 26,3 bilhões), enquanto a internet ficou com 40%.
A mudança principal é no modelo de consumo. Hoje, a oferta de produtos mostrada nos canais é passiva: todos que assistem recebem as mesmas propagandas e as empresas rezam para terem atingido o público certo.
A TV 3.0 traz a possibilidade de uma oferta contextualizada: faz sentido querer comprar uma panela enquanto vê um programa de culinária. Isso aumenta a atratividade do meio para as empresas pagarem por um espaço nele.
Os obstáculos são os mesmos de qualquer política pública: custo e alcance. O Ministério das Comunicações gastou R$ 7,5 milhões na nova tecnologia.
O processo de adesão será gratuito para as emissoras, mas elas terão de arcar com os custos do equipamento para transmitir a tecnologia que não é nada barato.
↳ O BNDES estuda financiar a aparelhagem das emissoras com juros subsidiados, sob a condição de que as empresas ofereçam garantias e não atrasem pagamentos.
Ainda, os donos de televisores terão de comprar um conversor para seus aparelhos que ainda nem existe e só deve entrar no mercado em um ano.
A expectativa da pasta de Comunicações é que a transição total para o modelo demore 15 anos.
**BRASIL 🤝 ÍNDIA 🤝 TARIFAS DE 50%**
Entrou em vigor ontem a sobretaxa de 50% sobre as exportações indianas para os Estados Unidos, um dos movimentos mais arriscados de Donald Trump até o momento: com a tarifa, ele ameaça dissolver uma aliança comercial que se aprofunda há décadas.
EX-IRMÃOS
A relação entre Índia e EUA se fortaleceu do ano 2000 até agora e não foi por acaso: houve esforço de ambos para criar laços comerciais importantes.
Um dos símbolos dessa amizade é a indústria têxtil: indianos importam algodão dos EUA, usam a matéria-prima na produção de tecidos e vestimentas vendidos aos americanos.
Várias grandes empresas americanas têm operações no país, entre elas Meta, Microsoft, Dell, IBM e Salesforce.
Como chegamos aqui? O anúncio de uma alíquota de 26% para os produtos indianos em 2 de abril, dia em que Trump divulgou o tarifaço global, pegou o país de surpresa. O que veio depois disso foram meses de negociações pouco frutíferas, que resultaram em uma tarifa de 25%.
Punhalada nas costas é como a Índia recebeu a notícia da tarifa adicional de 25%, justificada pela Casa Branca como uma reprimenda à compra de petróleo russo pelo país.
Somente Índia e Brasil compartilham a tarifa de 50% sobre as exportações para os Estados Unidos.
TORNIQUETE
A punição comercial vai atingir de forma desigual os setores da economia indiana. O setor têxtil está entre os primeiros na fila da surra.
As encomendas dos EUA de tecidos e vestimentas pararam desde que as tarifas foram anunciadas, segundo Chandrima Chatterjee, secretária-geral da associação que representa o setor.
DESAFIO
Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, precisa encontrar novos parceiros comerciais para o país que comanda o que pode ser uma missão ingrata, pois, assim como os americanos, os indianos têm costume maior de importar do que de exportar.
O Brasil pode ser uma opção: nenhum acordo foi concretizado até o momento, mas Lula e Modi prometem uma aproximação dos países do Brics.
**TOCA NA NVIDIA QUE É GOL**
Mais um trimestre, mais um balanço da Nvidia que surpreende o mercado positivamente. Já dizia o ditado, foguete não tem ré. Mesmo assim, algumas nuvens começam a aparecer no céu do paraíso e o mercado precisa se perguntar se o sonho vai durar para sempre.
OS NÚMEROS
A gigante que produz chips para inteligência artificial registrou uma receita de US$ 46,7 bilhões (R$ 253,1 bilhões) no segundo trimestre do ano, uma alta anual de 56% e um pouco maior do que o consenso da estimativa dos analistas.
Nos últimos meses, ela enfrenta o maior desafio para seu crescimento: as tensões políticas e comerciais entre Donald Trump e Pequim.
RUA SEM SAÍDA
A Nvidia é uma empresa americana, mas sua melhor (talvez única) chance de expandir o mercado consumidor está na China, onde há investimento e inovação tecnológica suficientes para absorver produtos da fabricante.
O desempenho da Nvidia no país é uma questão crucial para os investidores eles sabem que, se a empresa não conseguir penetrar o mercado chinês, não há como manter o impressionante ritmo de crescimento que vem apresentando.
PRESENTE PERSONALIZADO
No centro do imbróglio está o chip H20, desenvolvido pela Nvidia especialmente para conquistar os chineses. Ele contorna as restrições impostas pelo governo americano à exportação de hardware avançado.
Washington limita as vendas de produtos de alta tecnologia para Pequim. O objetivo é impedir que eles desenvolvam bons sistemas usando os semicondutores.
O resultado pode ser o contrário. Por não conseguir acessar a matéria-prima americana, empresas de tecnologia chinesas trabalham para alcançar a eficiência da Nvidia de forma doméstica.
A receita divulgada agora não inclue os ganhos com as vendas do H20 na China, mesmo depois da Casa Branca ter liberado o comércio o que decepcionou os investidores e jogou os papéis da empresa para baixo no pós-mercado.
A companhia informou que conseguiu vender US$ 650 milhões do chip H20 a um cliente não especificado fora do país.
**É GASTO? MANDA SUBIR**
Os gastos com a previdência social são uma questão sensível em praticamente todos os países. O Brasil optou por oferecer a opção de aposentadoria e auxílio para toda a população, seguindo alguns critérios de elegibilidade.
Todos que contribuíram, a partir de certa idade, têm direito a algum amparo no futuro.
Sim, mas na questão financeira, é outra história: os gastos com a previdência social são grandes, recorrentes e só aumentam com uma população em processo de envelhecimento como a brasileira. Essa é uma questão sazonal: ano passado o assunto veio, ano que vem o assunto volta.
Nesta edição: o gasto com benefícios previdenciários vai subir R$ 87,2 bilhões em 2026 com a concessão de reajustes, novos benefícios e o impacto da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que flexibilizou as regras de pagamento do salário-maternidade.
A despesa total chegará a R$ 1,072 trilhão no ano que vem, contra R$ 984,7 bilhões em 2025, nas contas do INSS.
O dado não inclui sentenças judiciais nem compensações devidas a regimes previdenciários de estados e municípios. Ou seja, ainda há mais contas a pagar.
Só a decisão do STF sobre o salário-maternidade terá um impacto extra de R$ 8,5 bilhões.
O PROBLEMA
O crescimento nominal de 8,9% tende a gerar pressão sobre o limite de gastos do arcabouço fiscal, corrigido pela inflação acumulada em 12 meses até junho (5,35%) mais uma variação real, que ficará em 2,5% no próximo ano.
Isso significa que quanto mais do Orçamento é comprometido com a previdência social, menos sobra para outros gastos falando apenas dentro das linhas da meta fiscal, claro.
UMA SOLUÇÃO (?)
Embora significativo, o impacto indicado pelo INSS é inferior aos R$ 12 bilhões que a Previdência havia divulgado inicialmente.
O valor passou a ser usado pela equipe econômica como justificativa para defender uma mudança nas regras fiscais que, na prática, vai abrir um espaço extra de R$ 12 bilhões em ano eleitoral.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Advertência. XP, Sicoob e mais duas instituições ultrapassaram teto de juros do cartão as instituições cobraram mais que o dobro da dívida original.
Aqui não. O governo brasileiro aprovou uma medida antidumping para folhas metálicas de aço carbono da China.
Vai demorar para cair é o que Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, disse sobre a taxa Selic em evento.
Surpresa (?) Mesmo com o tarifaço em vigor, as exportações brasileiras de carne bovina aumentaram neste mês.
Tá caro, né? O preço do cafezinho vai aumentar de novo. Para os produtores, os valores já subiram 40%.