SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Diretores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) pediram demissão nesta quarta-feira (27) com o argumento de que a saúde pública americana vem sendo aparelhada durante o governo de Donald Trump.

Deixaram seus cargos a diretora do CDC, Susan Monarez, o chefe da unidade de vacinações, Demetre Daskalakis, o coordenador da divisão de zoonóticas, Daniel Jernigan, entre outros funcionários.

As demissões aprofundam a crise na principal agência de saúde pública dos EUA, que vem sendo enfraquecida na gestão Trump. Em carta, a diretora médica do CDC, Debra Houry, menciona cortes no orçamento. Já Daskalakis mencionou aparelhamento do órgão.

“Não posso mais servir por causa da contínua instrumentalização da saúde pública”, escreveu ele.

Susan Monarez deixou o cargo menos de um mês após ter sido empossada. A saída de Jernigan, por sua vez, ocorre poucos dias depois de o CDC ter confirmado o primeiro caso humano nos EUA de miíase causada por mosca varejeira, ligado a um surto em andamento na América Central.

O jornal The Washington Post já havia noticiado que Monarez estava sendo afastada. Em publicação na plataforma X, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) confirmou a saída e agradeceu a ela pelo serviço “dedicado ao povo americano”. Nenhum motivo foi informado para a decisão da diretora.

Monarez, cientista de carreira, foi indicada por Donald Trump no início do ano, confirmada pelo Senado em 29 de julho e empossada pelo secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr.

Desde que assumiu a secretaria de Saúde, Kennedy vem implementando mudanças radicais na política de imunização do país. Em maio, ele revogou a recomendação federal de vacinas contra a Covid-19 para gestantes e crianças saudáveis. Em junho, demitiu todos os membros do comitê consultivo de vacinas do CDC, substituindo-os por aliados e ativistas contrários à vacinação.

Enquanto aguardava a confirmação de Monarez e mesmo depois dela, Kennedy continuou tomando decisões centrais sobre vacinas. A saída da diretora coincide com o anúncio, nesta quarta, de novas mudanças nos critérios de elegibilidade para a vacinação contra a Covid-19, com mais restrições.

As vacinas atualizadas contra a Covid-19 foram aprovadas para adultos com 65 anos ou mais, bem como para crianças e adultos com pelo menos uma condição médica que os coloque em risco de doença grave. A nova orientação representa mudança em relação aos anos anteriores, quando a maioria das pessoas era elegível.