BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou processar o filantropo húngaro George Soros e seu filho, Alex Soros, acusando os dois de apoiarem protestos violentos no país.

“Nós não vamos permitir que esses lunáticos continuem rasgando a América, sem dar a chance para ela ‘RESPIRAR’, e ser livre. Soros e seu grupo de psicopatas causaram grande dano ao nosso país. Isso inclui seus amigos malucos da costa oeste. Tenham cuidado, estamos vigiando vocês!”, escreveu Trump na sua rede Truth Social.

O republicano ameaça os filantropos com a lei conhecida como Rico (Lei de Organizações Corruptas e Influenciadas por Extorsão, na sigla em inglês), que foi criada na década de 1970 com o objetivo de combater máfias e o crime organizado.

Presidente do conselho de administração da Open Society Foundations, Alex Soros, 39, está à frente de uma organização com US$ 25 bilhões (R$ 125 bilhões) em ativos que patrocina causas progressistas ao redor do mundo.

Seu pai, hoje com 95 anos e alvo frequente da extrema direita global mesmo antes da ascensão de Trump ao poder, anunciou em 2023 que passaria ao filho o comando do império bilionário que montou.

Em entrevista recente à Folha de S.Paulo, Alex fez críticas ao presidente americano e afirmou que a tentativa de Trump de desestabilizar o governo Lula “vai sair pela culatra”.

“O conceito de soberania nacional agora faz parte do centro, da centro-esquerda e da centro-direita, porque o comportamento de Trump é uma ameaça à soberania em todo o mundo. Em todos os lugares em que tentou interferir ou emplacar um ‘proxy’, ele fracassou. As pessoas querem votar contra Trump”, disse.

Alex Soros esteve neste mês em Brasília, onde se reuniu com autoridades, como os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Anielle Franco (Igualdade Racial) e o assessor internacional da Presidência, Celso Amorim. Depois, foi ao Rio participar de uma conferência no BNDES.

Em nota, a Open Society Foundations rejeitou a acusação de Trump e diz que “apoia o direito individual de exercer a liberdade de expressão, expressar convicções políticas e participar de protestos públicos não violentos”. “Essas são as marcas registradas de qualquer sociedade vibrante, e essas liberdades são garantidas nos Estados Unidos pela Constituição”, afirma a organização.

A entidade declara ainda que “ajuda a financiar uma série de grupos da sociedade civil sem fins lucrativos nos Estados Unidos que trabalham para promover os direitos humanos, a liberdade e a justiça, além de defender a democracia”.

“Não pagamos pessoas para protestar, nem treinamos ou coordenamos diretamente manifestantes. Todos os beneficiários da OSF são obrigados a cumprir a lei e esperamos que os que apoiamos respeitem nosso compromisso compartilhado com os direitos humanos, a dignidade e a não violência. A Open Society Foundations se opõe a todas as formas de violência, incluindo protestos violentos”, diz a nota.