SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um elefante inflável de três metros será instalado a partir das 11h desta quinta-feira (28) no largo da Batata, em Pinheiros, em um protesto contra desigualdades do sistema tributário brasileiro. A intervenção faz parte da campanha “Justiça Tributária Já!”, organizada pela Oxfam Brasil em parceria com outras entidades.

A mobilização usa o lema “tem um elefante na sala”, escolhido para simbolizar problemas considerados evidentes, mas que não são enfrentados. As entidades participantes defendem medidas como a taxação de grandes fortunas e a revisão de benefícios fiscais.

Durante a ação, prevista até as 14h, serão distribuídos materiais informativos, como notas fictícias de R$ 1 bilhão (que também funcionam como flyer explicativo sobre justiça fiscal), lambe-lambes, adesivos e uma cartilha sobre tributação.

Também participam o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a Plataforma Justa, o Instituto Peregum, o Plebiscito Popular e o IJF (Instituto Justiça Fiscal).

No largo da Batata, as organizações também irão abordar as pessoas para explicar como o atual sistema tributário impacta o dia a dia delas. Segundo os participantes, a ideia é incentivar a população a pressionar o poder público para a aprovação de medidas sobre a taxação de grandes fortunas e a revisão de privilégios fiscais.

Na cartilha que será distribuída, haverá informações sobre a diferença entre tributação sobre trabalho e sobre renda e a definição de quem é considerado super-rico ou bilionário. O material também aborda desigualdades históricas associadas ao sistema fiscal brasileiro.

O conteúdo inclui ainda um glossário com termos como tributação regressiva, tributação progressiva, imposto sobre consumo, imposto sobre renda, lucros e dividendos e grandes fortunas.

A CAMPANHA

O movimento “Justiça Tributária Já!” teve início no dia 11 de agosto por meio das redes sociais e sites das organizações participantes.

A campanha cobra a aprovação, pelo Congresso Nacional, do PL 1087/2025, que corrige a tabela do Imposto de Renda e cria uma tributação mínima de até 10% a partir de 2026.

“Queremos desmistificar, para a população, o sistema tributário brasileiro, e convidar a sociedade para se mobilizar em torno da campanha”, afirma José Antônio Moroni, membro do Colegiado de Gestão do Inesc.

Viviana Santiago, diretora-executiva da Oxfam Brasil, diz que o elefante representa a desigualdade resultante da tributação brasileira, que cobra mais de quem tem menos e aprofunda desigualdades socioeconômicas.

ENTENDA O QUE O PLENÁRIO DA CÂMARA VAI ANALISAR

NOVA FAIXA DE ISENÇÃO

– Renda de até R$ 5.000 passa a ser isenta de Imposto de Renda

– Desde maio deste ano, estão isentos os que ganham até R$ 3.036

– 10 milhões de pessoas serão beneficiadas, segundo o governo

ISENÇÃO PARCIAL DE IMPOSTO DE RENDA

– Quem ganha até R$ 7.350 pagará menos IR do que paga atualmente

– Acima de R$ 5.000 o contribuinte terá percentuais de desconto sobre o imposto a pagar

QUANTO VAI CUSTAR

– R$ 31,25 bilhões em 2026

– R$ 33,53 bilhões em 2027

– R$ 35,80 bilhões em 2028

QUEM VAI PAGAR

– Imposto mínimo para rendas mais altas

– Quem ganha mais de R$ 50 mil mensais fica sujeito a uma alíquota mínima efetiva

– Essa cobrança vai incidir também sobre dividendos acima desse valor, que terão imposto recolhido na fonte

– A alíquota máxima de 10% será cobrada de quem ganha mais de R$ 1,2 bilhão

QUANTO O GOVERNO VAI ARRECADAR COM O IMPOSTO MÍNIMO

– R$ 25,22 bilhões em 2026

– R$ 29,49 bilhões em 2027

– R$ 29,83 bilhões em 2028

DISPOSITIVO REDUTOR

– Na renda alta, haverá um “encontro de contas” entre a tributação da pessoa física e da pessoa jurídica

– O mecanismo prevê que as alíquotas nominais não passem de 34%

– A alíquota equivale para a maioria das empresas; para bancos é de 40%

– Com esse dispositivo, um acionista terá seus dividendos tributados em até 10% ou até que, na soma das alíquotas jurídicas, chegue a 34% ou 40%

IMPOSTO SOBRE DIVIDENDOS DE ESTRANGEIROS OU REMETIDOS AO EXTERIOR

– Esses pagamentos terão alíquota de 10% retida na fonte

QUANTO O GOVERNO VAI ARRECADAR COM ESSES DIVIDENDOS

– R$ 8,90 bilhões em 2026

– R$ 9,69 bilhões em 2027

– R$ 9,81 bilhões em 2028