da redação
A Polícia Federal encaminhou ao Supremo Tribunal Federal uma recomendação inusitada: manter agentes dentro da residência de Jair Bolsonaro (PL) em tempo integral para assegurar o cumprimento da prisão domiciliar. O ofício foi endereçado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e destaca que a tornozeleira eletrônica não garante, sozinha, a prevenção de uma possível fuga.
Moraes já havia determinado que a Polícia Penal do Distrito Federal realizasse monitoramento contínuo no endereço do ex-presidente. No entanto, a PF argumenta que o equipamento eletrônico depende de sinal de telefonia, sujeito a falhas técnicas ou até mesmo a sabotagem. Nesse cenário, Bolsonaro teria tempo suficiente para escapar antes que o sistema registrasse a violação.
O documento, assinado pelo diretor-geral Andrei Rodrigues, cita como referência o caso do ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, em que uma equipe de vigilância permaneceu dentro da residência do custodiado. A corporação acrescenta que medidas como fiscalizar vizinhos e veículos do condomínio seriam impraticáveis e constrangedoras.
A discussão ganhou força após a declaração do deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que relatou à PF acreditar em risco concreto de fuga de Bolsonaro. A avaliação ocorre às vésperas do julgamento em que o ex-presidente responderá por tentativa de golpe, marcado para a primeira quinzena de setembro no STF.
Além disso, Moraes destacou que as movimentações recentes de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — investigado junto ao pai e atualmente fora do país — reforçam a suspeita de uma articulação para driblar a Justiça. Na semana passada, ambos foram indiciados por coação no curso do processo e por suposta tentativa de enfraquecer o Estado Democrático de Direito, inclusive pressionando autoridades estrangeiras para impor sanções ao Brasil.
Desde 4 de agosto, Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar por decisão de Moraes, após descumprir medidas anteriores, como a proibição de utilizar redes sociais direta ou indiretamente. Agora, o Supremo aguarda manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre a recomendação da PF, que também negocia apoio da Polícia Penal Federal para reforçar a vigilância.