da redação

A prática de exercícios físicos vem crescendo entre os goianos. Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que mais da metade da população do Estado já mantém uma rotina ativa. Mas, junto com a corrida, a academia e a musculação, um outro hábito também vem ganhando força: o consumo de suplementos alimentares.

O problema é que, em muitos casos, o uso desses produtos acontece sem orientação profissional. Levantamento do Instituto Locomotiva aponta que 75% dos brasileiros recorrem a vitaminas ou suplementos, mas apenas 36% fazem isso com acompanhamento médico ou nutricional.

Segundo a nutricionista Nayara Rios, essa prática pode trazer sérios riscos. “Existe uma ideia equivocada de que suplemento sempre ajuda. O excesso, porém, pode gerar sobrecarga no fígado, comprometer os rins e até atrapalhar a absorção de nutrientes essenciais”, alerta.

Entre os campeões de consumo estão whey protein, creatina e multivitamínicos — substâncias populares, mas que podem ser prejudiciais quando usadas de forma indiscriminada. “O que funciona para uma pessoa pode ser totalmente inadequado para outra”, reforça a especialista.

O alerta também vem de órgãos públicos. Uma cartilha recente do Procon-SP chama atenção para os perigos da automedicação com suplementos, lembrando que crianças, idosos, gestantes e pessoas em tratamento de doenças são os grupos mais vulneráveis. O material ainda orienta o consumidor a verificar a procedência do produto e as informações obrigatórias no rótulo, como data de validade, tabela nutricional e possíveis alergênicos.

O tema não é exclusivo do Brasil. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) aponta que o uso excessivo de compostos como antioxidantes pode até interferir em tratamentos médicos, reduzindo a eficácia de medicamentos contra câncer, depressão e diabetes. Outro desafio é a falta de padronização internacional: o que em alguns países é suplemento, em outros pode ser considerado medicamento, como a vitamina D ou a melatonina.

No Brasil, cabe à Anvisa fiscalizar o setor, com regras que determinam critérios de rotulagem, composição e segurança. Para a FAO, além da regulação, é essencial investir em informação para que o consumidor saiba quando e como usar esses produtos de forma adequada.

Em resumo, suplementos podem ser aliados importantes, mas apenas quando usados no momento certo e sob orientação especializada. Caso contrário, aquilo que parece promover saúde pode, na verdade, colocar a saúde em risco.