SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O projeto “Naufrágios e Mar Profundo”, do escritório estadual da preservação de monumentos de Baden-Württemberg, na Alemanha, encontrou até agora 31 barcos naufragados no Lago de Constança, que fica na tríplice fronteira da Alemanha, Áustria e Suíça. Mais resultados devem ser apresentados em dois anos, no verão de 2027.

Projeto é considerado único no campo da arqueologia subaquática em águas interiores, segundo profissionais envolvidos na pesquisa. O objetivo é registrar e documentar os naufrágios em todas as profundidades do Lago de Constança, que tem 251 metros de profundidade.

Até o final de 2024, mais de 250 anomalias potenciais haviam sido localizadas. Apesar de a maioria ter sido descartada, por serem estruturas naturais ou objetos de origem humana, 31 eram restos de naufrágios. Até agora, apenas 186 metros foram examinados.

Foram encontrados objetos de importância cultural e histórica. Entre eles, está um “campo de detritos amplamente disperso” com pelo menos 17 barris de madeira —alguns, bem preservados, ainda com tampas e fundos. Ainda não se sabe de qual embarcação eles eram, mas a investigação é planejada.

Dois outros locais guardam cascos metálicos maiores de navios. Os objetos encontrados até o momento foram documentados com veículos robóticos submersíveis. Os pesquisadores acreditam que podem ser restos de navios a vapor de rodas de pás, como SD Baden e SD Friedrichshafen II.

Entre as descobertas está um veleiro cargueiro quase todo preservado. Segundo o que foi divulgado, o mastro e a verga ainda estão presentes, o que é considerada uma raridade na arqueologia subaquática. As características visíveis incluem grampos na área da proa, pinos de amarração e um anel de engrenagem com catraca.

“A descoberta oferece insights únicos sobre a tecnologia de navegação e a construção de navios históricos do Lago de Constança e representa um importante objeto de referência para pesquisa”, disse Alexandra Ulisch, pesquisadora associada do projeto.

Pesquisadores enxergam descobertas como cápsulas do tempo. “Naufrágios são muito mais do que apenas embarcações perdidas. Eles são verdadeiras cápsulas do tempo que preservam as histórias e o artesanato de tempos passados. Seja o Titanic, o HMS Terror, o Säntis ou o Lady Jay”, conclui Ulisch.

Projeto não prevê o resgate dos artefatos. Caso os objetos encontrados sejam destroços que constituam um monumento cultural, será realizada uma documentação detalhada e, talvez, investigações adicionais poderão ser realizadas. Mas o salvamento de objetos individuais não está previsto no momento, já que são extremamente custosos.