BELÉM, PA (FOLHAPRESS) – Até 28 de agosto, a capital paraense recebe o seminário Conexões Amazônicas: Pesquisas Colaborativas entre Brasil e França. O evento aberto ao público reúne palestras e mesas de debate para discutir colaboração científica dos dois países em temas como biodiversidade e mudança climática na amazônia.
O seminário inaugura a programação científica da Temporada França-Brasil 2025, que celebra os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países.
A abertura, nesta terça (26), debateu a bioeconomia da região e as conexões entre a arqueologia e a biodiversidade. Além disso, trabalhos de dez mestrandos e doutorandos de instituições brasileiras e da Guiana Francesa foram apresentados no evento, como parte da Jornada de Jovens Pesquisadores.
Foram destaque, na primeira metade do dia, estudos que resgatam saberes de comunidades tradicionais do bioma para entender dinâmicas sociais e ambientais. A mestranda Elaine dos Santos, da Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), por exemplo, estuda dinâmicas de ocupação de territórios quilombolas em Santarém (PA), cidade onde cresceu.
A importância da pesca artesanal na manutenção do modo de vida de comunidades ribeirinhas guianesas e brasileiras foi o tema apresentado pela doutoranda em antropologia Alizée de Bollardière, do Laboratório de Ecologia, Evolução e Interações de Sistemas Amazônicos, da Universidade da Guiana Francesa.
“A pesquisa sobre temas de primeira importância para nosso futuro está nas mãos dos jovens”, disse Anne Louyot, comissária do Ano da França no Brasil, durante a cerimônia de abertura do evento. Para ela, fortalecer o compromisso dos dois países com a preservação do meio ambiente, às vésperas da COP30, conferência climática da ONU, que será realizada em Belém em novembro, se torna ainda mais importante.
Estabelecer uma relação duradoura entre a academia brasileira e a francesa, pela preservação do bioma, também é uma das preocupações da aliança bilateral, afirmou Nadège Mézié, conselheira internacional do Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica -instituição de promoção de pesquisa, gerida pelos dois países, que foi criada em novembro de 2024, após a visita do presidente Emmanuel Macron a Belém.
“É um momento bem importante e simbólico para olhar para a amazônia. Para nós, era muito importante chegar bem antes aqui e não só para a COP.”
Na quarta (27), a historiadora e pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Dominichi Miranda de Sá, trata da cooperação franco-brasileira nas investigações climáticas, em uma conferência que abre as atividades do dia. Na segunda parte da programação, Stéphen Rostain, cientista francês que estuda arqueologia amazônica, fala sobre civilizações antigas da região.
Já no terceiro dia do seminário, pesquisas realizadas junto a comunidades tradicionais da amazônia, como os povos mebêngôkre-kayapó, e iniciativas de saúde pública serão abordadas em mesas-redondas.
O encerramento da programação discute Futuros Amazônicos Compartilhados, com participação do geógrafo francês François-Michel Le Tourneau, da agrônoma e pesquisadora da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Tatiana de Sá, e da bióloga francesa Laure Emperaire.
O evento tem entrada gratuita e acontece no Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A programação completa está disponível no site do museu e é necessário se inscrever para acompanhar o seminário.
*A repórter viajou a convite da Temporada França-Brasil 2025.