BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Lula (PT) cobrou fidelidade dos ministros do centrão durante reunião ministerial no Palácio do Planalto nesta terça-feira (26), chegando a sugerir que deixem o governo caso não se sintam confortáveis para defendê-lo.
Ao final da reunião, Lula dirigiu-se diretamente aos ministros do União Brasil e do PP, para cobrar a defesa da gestão petista durante atos de oposição organizados por seus partidos.
Dizendo-se defensor de sua equipe, sem distinção partidária, o presidente afirmou que continuaria amigo de seus ministros, mas que se sentissem à vontade para conversar sobre seus futuros e seguissem seus caminhos. Ainda segundo relatos, Lula disse que não gostaria de constranger ninguém, mas que não gostaria de ser constrangido.
Nas últimas semanas, foi oficializada a federação União Progressista, com as duas legendas, em eventos marcados por discursos de oposição ao governo petista.
Mencionando especificamente o ato de homologação da federação do PP com o União Brasil, marcado por críticas ao governo na presença de seus ministros, Lula disse que eles deveriam ter levantado a mão para defender a gestão, em uma demonstração de que haveria divergências dentro de seus partidos, ou deveriam deixar o cargo.
Ainda segundo relatos, Lula disse acreditar que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que participou do evento da federação, será candidato à Presidência em 2026 e que, em algum momento, os ocupantes de cargos do Republicanos vão ter que tomar uma decisão.
Neste momento, Lula olhou para o ministro Silvio Costa Filho, deputado federal licenciado do Republicanos. Ainda segundo relatos, o presidente afirmou que não pedirá para ninguém deixar o cargo, mas que espera que todos tenham consciência.
O presidente disse que não quer constranger ninguém, mas não pretende ser constrangido.
Ao falar dos laços com os ministros, Lula disse que não tinha pretensão de ser amigo de Antonio Rueda, presidente do União Brasil. Ele disse que não gosta de Rueda e que a recíproca também é verdadeira.
Os dois se reuniram pela primeira vez em julho deste ano. Aliados do dirigente partidário classificaram o encontro como uma conversa dura, já que ocorreu no dia seguinte à derrubada do decreto presidencial que aumentou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) pelo Congresso.
Rueda é um dos articuladores da fusão dos partidos de oposição ao lado do presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI). Sobre o senador, Lula disse que ele foi ministro de Jair Bolsonaro (PL) e enfrenta dificuldades para se reeleger no Piauí ao Senado no próximo ano.
Ainda segundo relatos, Lula lembrou ter sido eleito sem aliança com os partidos do centrão. E que, a exemplo do que aconteceu com a montagem de seu governo, poderiam continuar amigos. Ele também afirmou que está confiante, em seu melhor momento, e que nunca houve um governo com tantas entregas.
Ao final da fala de Lula, os ministros Celso Sabino (Turismo) e André Fufuca (Esporte), deputados federais licenciados pelo União Brasil e PP, respectivamente, foram conversar com o presidente.
Além de Sabino, o União Brasil tem outros dois representantes na Esplanada, que foram indicados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP): Frederico de Siqueira (Comunicações) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional).
O PP, por sua vez, indicou o presidente da Caixa Econômica Federal.