SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio ao envio de navios dos Estados Unidos ao mar do Caribe, o ditador Nicolás Maduro promoveu o embaixador da Venezuela na Colômbia, Carlos Eduardo Martínez Mendoza, ao posto de general da divisão da “reserva ativa” da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).

O anúncio foi feito pelo canal de transmissão do líder chavista no Telegram, com um vídeo da cerimônia.

“Decidi e procedo a promovê-lo a general de divisão da Força Armada Nacional Bolivariana em situação de reserva ativa”, afirma Maduro a Martínez Mendoza, que aparece vestido com uniforme militar.

Antes, Mendoza foi embaixador da Venezuela na Argentina. Nomeado por Hugo Chávez em 2011, quando Cristina Kirchner ocupava a Casa Rosada, ficou no cargo até 2018.

Ele também participou de processos de negociação com a guerrilha ELN (Exército de Libertação Nacional) na Colômbia, representando o regime venezuelano. Mendoza é general de brigada da FANB e foi nomeado embaixador na Colômbia para substituir o diplomata Félix Plasencia.

A promoção de militares a cargos tradicionalmente ocupados por civis, como no caso das embaixadas, não é novidade. A tendência se aprofundou ainda mais com Maduro, para consolidar o poder do regime e garantir fidelidade da elite fardada.

Nesta segunda (25), o regime determinou a mobilização de 15 mil agentes para reforçar a segurança na fronteira com a Colômbia. A justificativa oficial dada é o combate ao narcotráfico.

Antes, Maduro anunciou que iria mobilizar 4,5 milhões de integrantes da Milícia Nacional Bolivariana, uma unidade paramilitar que só tem 220 mil membros treinados, mas sem dar detalhes de como faria a mobilização.

A milícia montou centros de registro em praças e em prédios militares e públicos, entre eles o palácio presidencial, em Caracas.

Os anúncios ocorrem em um momento de escalada de tensões com os Estados Unidos.

Na semana passada, três destróieres lançadores de mísseis guiados da classe Arleigh Burke haviam sido enviados para a região, mas deram meia volta devido à força do furacão Erin. Nesta segunda, eles retomaram o deslocamento.

O governo de Donald Trump também enviará um cruzador, navio ainda mais poderoso que os destróieres, o USS Lake Erie. Barco da classe Ticonderoga, ele pode disparar 122 mísseis, ante 96 dos Arleigh Burke da geração mobilizada nessa operação.

Além disso, a operação será apoiada também pelo USS Newport News, um submarino de ataque com propulsão nuclear da segunda geração da classe Los Angeles.

Na semana passada, sem mencionar os EUA diretamente, Maduro afirmou que “nenhum império tocará o solo sagrado da Venezuela”. O discurso, transmitido pela televisão, ocorreu durante um evento com governadores e prefeitos em Caracas.

“Defendemos nossos mares, nossos céus e nossas terras. Nós os libertamos. Nós os guardamos e patrulhamos. Nenhum império tocará o solo sagrado da Venezuela, nem deve tocar o solo sagrado da América do Sul”, disse o ditador.