SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar oscilava na manhã desta terça-feira (26), com investidores avaliando dados da inflação brasileira e a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demitir uma diretora do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA).
Às 11h03, o dólar caía 0,01%, cotado a R$ 5,413. No mesmo horário, a Bolsa tinha baixa de 0,26%, a 137.659 pontos.
Na segunda (25), a moeda americana fechou em queda de 0,21%, a R$ 5,413, e o Ibovespa teve alta marginal de 0,04%, a 138.025 pontos.
O mercado repercute a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de destituir a diretora do Federal Reserve Lisa Cook na última segunda, em nova ofensiva contra o banco central americano. Entretanto, Cook afirmou que a sua demissão não tem amparo legal e que também não vai renunciar ao posto.
Primeira mulher negra a fazer parte da diretoria do Fed e indicada em 2022 pelo ex-presidente Joe Biden, Cook é acusada de ter falsificado documentos e cometer fraude.
Cook é uma três diretoras do Fed com mandato que ultrapassa o período de governo de Trump. Ela foi uma das nove diretoras que votou pela manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,5% na reunião realizada no fim de julho, decisão que irritou Trump.
Na sexta-feira (22), Powell sinalizou em discurso um possível corte nos juros americanos na próxima reunião da autarquia, em setembro, embora ainda tenha mantido cautela.
Na cena doméstica, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), considerado uma prévia do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), está no foco dos investidores.
O índice registrou deflação (queda) de 0,14% em agosto, a 1ª em mais de dois anos, segundo dados divulgados nesta terça (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado foi puxado pela queda nos preços da conta de luz, alimentos e gasolina.
Havia, entretanto, expectativa do mercado financeiro por uma redução ainda mais intensa. A mediana das projeções de analistas estava em 0,20%, de acordo com a agência Bloomberg.
Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, apesar da deflação, os dados ainda não são suficientes para demandar um corte de juros do Banco Central.
“Ainda é uma inflação com uma composição ruim. Isso reforça as apostas de que o Copom vai manter a Selic em 15% durante o segundo semestre e favorece a perspectiva de rendimentos de títulos brasileiros”, diz.
O mercado também permanece atento às tentativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de negociar a tarifa de 50% imposta por Washington sobre produtos brasileiros.
Os canais de negociação entre os países continuam fechados e há um temor de que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) intensifique as tensões.
Integrantes do governo Lula (PT) e do STF (Supremo Tribunal Federal) consideram real a possibilidade de Trump aplicar novas sanções econômicas contra o Brasil e outras restrições a autoridades do país com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que começa em setembro.
Na avaliação de ministros, há interesse dos EUA de criar instabilidade em torno do tribunal e do governo Lula, o que poderia se acirrar com o avanço do julgamento sobre a trama golpista liderada por Bolsonaro.
Há também atenção ao possível corte de juros na economia americana. Na visão de analistas do BB Investimentos, nesta semana o mercado deve voltar suas atenções às perspectivas de corte de juros nos EUA e o impulso que esse novo ciclo pode dar aos ativos de risco, incluindo os de mercados emergentes.
“Caso o mercado forme consenso sobre os rumos da política monetária nos EUA conforme as sinalizações mais recentes, entendemos que o Ibovespa tem espaço para testar novamente seu topo histórico, em 141,5 mil pontos”, afirmaram em relatório a clientes na segunda.
O Fed vem mantendo a taxa de juros entre 4,25% e 4,5% desde dezembro do ano passado, antes de Donald Trump ser empossado. Foram cinco reuniões neste ano que os diretores optaram pela manutenção da taxa, apesar da pressão de Trump.
Para os mercados de renda variável e de câmbio, cortes nos juros do Fed são uma boa notícia, já que normalmente vêm acompanhados de uma injeção de recursos de investidores egressos da renda fixa norte-americana. Quando os juros por lá caem, os rendimentos dos títulos ligados ao Tesouro dos Estados Unidos também caem, levando os operadores a diversificar investimentos.
Para o Brasil, o corte pode aumentar o diferencial entre os juros brasileiros e americanos, o que favorece o fluxo de dólares para o país, reduzindo o valor da moeda americana ante o real.
Na agenda econômica, investidores aguardam os resultados de uma reunião de Lula com ministros no Palácio do Planalto nesta terça pela manhã.
Na quinta (28), a FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulga o IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado). A previsão é de um ganho de 2,87% na comparação anual e de 0,20%, na mensal.
Na sexta (29), será a vez da inflação dos EUA, o PCE. O mercado espera que a alta de preços tenha acelerado de 2,79% em junho para 2,9% em julho.