SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “É tão surreal que até agora não caiu a ficha.” É assim que Bilquis Evely, 35, descreve a sensação de ter ganhado o Eisner Award, considerado o Oscar dos quadrinhos, no último dia 25 de julho. Premiada como melhor desenhista e melhor artista de capa pela série “Helen de Wyndhorn”, publicada pela Suma aqui no Brasil, a obra também venceu na categoria melhor série limitada.

“Helen de Wyndhorn” tem a mesma equipe criativa por trás de “Supergirl: Mulher do Amanhã”, que, além de Evely como desenhista, tem Tom King no roteiro e Mat Lopes nas cores.

Tom King é um dos nomes mais proeminentes dos quadrinhos americanos. Comandou minisséries de destaque, como “Visão: Pouco Pior que um Homem” e “Visão: Eu Também Serei Salvo Pelo Amor”, na Marvel Comics, “Senhor Milagre” e “Supergirl”, na DC Comics, junto com Evely e Lopes.

A artista conta que o convite para integrar o time veio do próprio King, que queria continuar trabalhando com ela. “A gente deu muito certo desde o começo. Ele perguntou o que eu queria fazer e na época achei que seria um bom momento para começar a desenvolver um projeto autoral que seria o meu primeiro”, diz.

Lançada nos Estados Unidos pela Dark Horse em março do ano passado, a história teve seus direitos adquiridos pela Companhia das Letras por meio do selo Suma. Descrita como uma mistura entre “Conan, o Bárbaro” e “O Mágico de Oz”, “Helen de Wyndhorn” é levemente inspirada na vida de Robert E. Howard, criador do cimeriano.

Helen Cole é uma jovem desajustada e alcoólatra desde que o pai, um renomado escritor do gênero espada e feitiçaria, cometeu suicídio. Após ser solta da prisão por Lilith Appleton —tutora contratada pelo avô da garota e narradora da história— começa sua jornada entre o gótico, o fantástico e a busca por pertencimento.

Evely começou a carreira como desenhista em “Luluzinha Teen e Sua Turma”. Afirma que sempre gostou do universo de fantasia como “As Crônicas de Nárnia”, nos livros, e “The Legend of Zelda”, nos videogames, mas o barbarismo não era seu forte. “Li muito durante a produção de ‘Helen’, tentei conectar as minhas referências mais oníricas com as que o Tom tinha”, diz.

A quadrinista migrou para o mercado americano logo após a experiência em “Luluzinha”. Ela colabora desde 2015 com a DC Comics, em HQs do universo de “Sandman”, “Mulher-Maravilha”, “Sugar & Spike”, até chegar ao trabalho mais consagrado até então, “Supergirl: Mulher do Amanhã”, que terá uma adaptação cinematográfica dirigida por James Gunn, atual CEO dos DC Studios.

Acostumada com o ritmo mais ágil das histórias de super-heróis, Evely conta que a obra autoral de King foi seu maior desafio até então. “Até tentei conciliar com outros trabalhos menores, mas esse foi um projeto muito denso, muito complexo e eu tive que entender que, ok, essa é uma história que vai levar mais tempo mesmo”, diz.

HELEN DE WYNDHORN

– Preço R$ 99,90 (176 págs)

– Autoria Tom King, Bilquis Evely e Mat Lopes

– Editora Companhia das Letras (selo Suma)