SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A partir da noite de quarta-feira (27), a Sabesp passará a diminuir a pressão da água no encanamento de toda a região metropolitana de São Paulo por oito horas no período noturno, para tentar reduzir o volume retirado dos reservatórios da região, que estão em nível mais baixo desde a crise hídrica de 2014/2015.

Em medição nesta segunda (25), os reservatórios que abastecem a região estão com apenas 38,4% de sua capacidade. Nesse mesmo dia 25 de agosto de 2014, o volume estava em 12,7%; em 2015, era 9,6%; e em 2016, 51%.

Não há prazo para terminar a diminuição da pressão, mas a expectativa é que seja quando as chuvas chegarem e os níveis das represas voltarem a subir, o que pode ocorrer a partir do fim de setembro, no início da primavera.

A decisão foi tomada pela Arsesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo) após estudo realizado pela SP Águas (Agência de Águas do Estado de São Paulo) devido à falta de chuvas na região mais populosa do país.

Devido ao baixo nível dos reservatórios e ao fato de ter chovido apenas 8,3% do esperado para o mês de agosto na Grande São Paulo, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas) da Prefeitura de São Paulo, a Arsesp notificou a Sabesp na tarde desta segunda-feira (25) para realizar a diminuição da pressão.

Essa é uma tentativa para evitar o que ocorreu antes da maior crise hídrica de São Paulo, quando não houve ações preventivas e a seca persistiu por dois anos, obrigando a população a mudar seus hábitos e a aprender a economizar água, devido ao racionamento imposto por vários meses.

O objetivo agora é reduzir em cerca de 4.000 litros por segundo a vazão de água que sai das represas, além de transferir água de outros sistemas interligados para repor os da região metropolitana.

A diminuição da pressão deve atingir cerca de 20 milhões de pessoas, mas será apenas no período noturno, quando o consumo é menor.

“É muito importante que consigamos estabilizar os reservatórios até que tenhamos novas chuvas, e para isso a adoção de medidas de contingência é importante, assim como é fundamental a cooperação da população na redução do consumo”, enfatiza a presidente da SP Águas, Camila Viana.

A Sabesp afirma que quem possuir caixa d’água na residência não deve sentir a diminuição da pressão. No entanto, os moradores de regiões mais elevadas, onde já é difícil o abastecimento, devem enfrentar falta de água. Para tentar evitar ou minimizar esses efeitos, a Arsesp afirma que manterá uma fiscalização dos trabalhos da Sabesp.

Segundo Tiago Mesquita Nunes, diretor presidente da Arsesp, a agência vai monitorar para que o período de oito horas seja respeitado em todas as regiões, inclusive, nas áreas mais altas.

“Os sensores estão localizados nesses pontos mais altos e vamos monitorar se eles não ficarão mais que as oito horas determinadas. Então, é a Sabesp que tem de considerar o tempo de carga e descarga do sistema para que a experiência do usuário da ponta seja de 8 horas de redução de demanda”, disse Mesquita Nunes à TV Globo.

A Sabesp está preparando uma ação para conscientizar os moradores quanto ao uso da água e para avisar os clientes dos horários de diminuição de pressão. A companhia informou que a comunicação será feita pelos diversos canais e ferramentas de comunicação da empresa, com foco em emails e mensagens.

O Governo de São Paulo também informou que iniciará nesta semana uma campanha de conscientização da população para a redução do consumo por meio de medidas simples, como a contenção de vazamentos, o uso de chuveiros eficientes, o uso de máquinas de lavar com carga completa, entre outras.

Em nota, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) declarou que está em fase final de aprovação o Protocolo de Escassez Hídrica de São Paulo, ferramenta que orienta a atuação do governo sobre as medidas preventivas e de contingência a serem adotadas para cada faixa de disponibilidade hídrica.

“De acordo com o protocolo, a região metropolitana se encontra hoje em estado de atenção (reservatórios com volume útil de 39,2%). Caso esse percentual caia para valores entre 30% e 20%, é acionado o estágio crítico. Já o último estado, de emergência, é acionado quando os valores atingem percentuais inferiores a 20%. O protocolo prevê medidas a serem adotadas em cada um desses estágios, como suspensão de outorgas, diminuição de vazões outorgadas, intensificação da fiscalização em localidades críticas, entre outras”, detalhou o governo estadual.

PLANO DE CONTINGÊNCIA IRÁ REPOR ÁGUA DOS MANANCIAIS

Além da diminuição da pressão nos canos, a Sabesp também colocará em prática um plano de contingência que envolve infraestrutura instalada para trazer água de outros mananciais. Depois da crise hídrica de 2014/2015, a companhia realizou várias obras para interligar os sete mananciais da região: Cantareira, Alto Tietê, Guarapiranga, Cotia, Rio Grande, Rio Claro e São Lourenço. Assim, é possível enviar água de um para o outro, para repor o reservatório.

Ainda há outra bacia interligada à da região metropolitana, que é a do rio Paraíba do Sul, no vale do Paraíba, que pode ter suas águas transferidas para o sistema Cantareira, se for necessário. Ainda há a interligação do rio Itapanhaú -no litoral, entre Bertioga e Guarujá- com sistema o Alto Tietê, que está em em obra de pré-operação.

Outras obras previstas são a ampliação do sistema Baixo Cotia, a Nova Travessia Taiaçupeba e a segunda fase de ampliação da Rio Grande.