BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou nesta segunda-feira (25) o reinício das negociações entre o Mercosul e o Canadá para um acordo de livre comércio. Segundo o chanceler, os negociadores das duas partes devem se reunir em outubro, retomando conversas que estão paralisadas há anos.
Um homem de cabelos grisalhos e óculos está falando ao microfone em um evento. “Diante desse cenário [da economia global], tomamos a decisão conjunta de avançar para retomada das negociações para o acordo de livre comércio entre Canadá e Mercosul”, disse Vieira.
“Trata-se de passo oportuno e estratégico que responde ao momento atual da economia internacional.”
O anúncio ocorreu no Itamaraty, após reunião de Vieira com o ministro do Comércio Internacional do Canadá, Maninder Sidhu.
As discussões de um acordo de livre comércio entre Mercosul e Canadá estão paralisadas desde a última reunião dos negociadores, em 2021.
Diversos fatores contribuíram para a perda de interesse dos dois lados, entre eles a pandemia de Covid-19 e as diferenças ideológicas entre as gestões passadas, do brasileiro ultraconservador Jair Bolsonaro e do canadense progressista Justin Trudeau.
A chegada de Donald Trump à Casa Branca mudou o cenário e reforçou tanto em Ottawa como em Brasília a avaliação de que é preciso diversificar fornecedores e reduzir barreiras ao comércio. O diagnóstico é especialmente sensível no Canadá, país que destina mais de 70% das suas exportações para o vizinho.
O Canadá é um importante fornecedor de adubo para o Brasil, potencial que pode ser ainda mais explorado diante do temor de sanções de Trump aos compradores de produtos da Rússia -a exemplo do que ocorreu com a Índia.
O governo brasileiro estima um efeito positivo de R$ 4,14 bilhões sobre o PIB (Produto Interno Bruto) com o acordo Mercosul-Canadá e aumento de R$ 1,39 bilhão em investimentos para o ano de 2041. Prevê ainda um impacto de R$ 3,77 bilhões sobre as importações e de R$ 3,89 bilhões sobre as exportações.
Em sua fala, Sidhu afirmou que o sistema internacional de comércio está ameaçado.
“A ambição é fortalecer os laços com o Brasil e a região, impulsionando a competitividade e entregando benefícios reais para o Canadá em um momento em que é extremamente importante para países com ideias semelhantes para defender o comércio estável e confiável”, disse.