SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cotado como pré-candidato à Presidência, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) participou de mais um seminário para empresários em São Paulo, no qual criticou a política externa do governo Lula, defendeu reduzir o número de ministérios no governo federal e, parafraseando Juscelino Kubitschek, disse que um próximo governo de centro-direita precisa ter o lema de “crescer 40 anos em 4”.

As declarações foram dadas em um seminário promovido pelo grupo Esfera Brasil, que reuniu presidentes de partidos de centro-direita, governadores do mesmo campo e empresários em um hotel de luxo próximo ao Parque Burle Marx, na zona sul da capital paulista.

Tarcísio tem intensificado a participação em eventos do tipo desde a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), que não foi citado em seu discurso.

O painel do governador contou com a participação do prefeito Ricardo Nunes (MDB), seu aliado, e foi mediado pelo presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), que já vem sendo considerado uma opção para ser vice em uma eventual chapa presidencial de Tarcísio.

Ao defender uma agenda fiscal mais austera, o governador falou em corte de ministérios e elogiou a Argentina.

“Quando a gente fala da questão fiscal, o governo federal precisa dar o exemplo. Poderia começar diminuindo o número de ministérios”, disse Tarcísio. “Vamos pegar também o exemplo da Argentina. A Argentina tem operado hoje com nove ministérios. Imagina a quantidade de cortes que eles conseguiram fazer, e isso foi importante para impulsionar a administração pública. Dá para cortar sem perder qualidade e a tecnologia vai ser uma aliada.”

Questionado por Ciro Nogueira sobre a política externa brasileira, Tarcísio acusou o governo Lula de ter abandonado a tradição pragmática do Itamaraty.

“No passado, o Brasil sempre teve habilidade. O Brasil via no salão o chinês, via o americano, tirava o chinês para dançar, tirava o americano para dançar e não pedia nenhum dos dois em casamento. A gente sempre teve essa habilidade”, disse.

O governador minimizou o impacto econômico do tarifaço -determinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a quem ele declarou apoio, implementado em decorrência do processo judicial em Jair Bolsonaro (PL) é acusado de tentativa de golpe- e disse que o Brasil pode perder investimentos diante da falta de pragmatismo.

“De repente, a gente decide jogar o pragmatismo fora, se alinhar a um determinado eixo, e isso tem um papel relevante que a gente não está vendo. Não é a questão da tarifa, não é só isso. Tem uma coisa muito pior, que é afastar o investimento. Esse é o grande efeito e talvez isso não esteja sendo devidamente dimensionado, e essa é a grande preocupação, porque mais uma vez vamos perder o bonde da história”, disse.

No evento, Ciro Nogueira questionou o governador sobre qual deveria ser o lema de um próximo governo de centro-direita no país. A pergunta, por si só, já fez o público no salão do debate reagir com aplausos.

“Essa é uma tarefa difícil porque eu acho que essa tarefa é para os marqueteiros”, disse Tarcísio ao iniciar sua resposta, para em seguida lembrar do governo JK e dizer que ele construiu Brasília em três anos. “Não sei qual será o lema do próximo governo, mas sei que temos que fazer 40 anos em 4.”

O painel que ocorreu na sequência ao de Tarcísio reuniu os presidentes do PSD, Gilberto Kassab; do União Brasil, Antônio Rueda (que está em fusão com o PP); do Podemos, Renata Abreu; e do PL, Valdemar Costa Neto.

Embora Valdemar tenha dito que o apoio de Bolsonaro faz crescer as intenções de voto de qualquer candidato da centro-direita, o discurso dos demais dirigentes foi centrado na ideia de que o campo deve ter um mesmo candidato à Presidência no ano que vem. “Uma união não por pragmatismo, mas de ideias”, disse Renata Abreu.