SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O conjunto ucraniano aguardava a nota, talvez, sem maiores pretensões. Até aquele momento, não era apontado como um dos favoritos, mas a pontuação de 28.650 colocou o país no topo para não mais sair e deixou as brasileiras, donas da casa, com a prata na série mista do Mundial de ginástica rítmica.
Emocionadas, elas subiram ao pódio na Arena 1, no Rio de Janeiro, e muitas coisas passaram na cabeça delas. A técnica Ireesha Blohina lembrou das dificuldades diárias que um país em guerra enfrenta para que a vida possa seguir de alguma forma.
“Não estamos nas mesmas condições. Estamos longe das mesmas condições em relação a outros times. Levamos 60 horas para chegar aqui e, para nós, é incrivelmente difícil. Nunca sabemos se vamos sobreviver ao próximo segundo. Às vezes, estamos treinando, a bomba cai e nós vamos para o chão. É, realmente, difícil continuar treinando depois disso. Mas cada país está competindo e estamos fazendo o melhor que podemos.”
A Ucrânia vive, desde 2022, um conflito com a Rússia. O ouro que elas colocaram no peito no Rio de Janeiro, para Blohina, representa mais que ser o melhor conjunto do mundo na série mista.
A seleção, atualmente, treina em Kiev, capital da Ucrânia. neste domingo (24), o Ministério da Defesa da Rússia e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky informaram que 146 prisioneiros foram liberados de cada lado.
“Esta medalha significa, para nós, muito mais do que podemos imaginar. É mais do que ouro. Ela tem um peso de tanta dor e sofrimento, e esperamos que esse sofrimento termine, que esta guerra termine. Há tantas crianças que estão morrendo e que tinham sonhos, e nós desejamos que eles tivessem essa oportunidade de ir para um Campeonato Mundial, de ir para os Jogos Olímpicos”, disse.
“Acho que nós inspiramos tantas crianças… Quando elas nos veem competindo, inspiramos elas a continuar sonhando. E isso é muito importante. Então, acho que o esporte nesta segunda-feira (25) está nos salvando, porque é muito difícil”, completou.
A ginasta Oleksandra Yushchak celebrou o carinho que recebeu da torcida brasileira durante o Mundial, que interrompeu o drama que vivem em seu país. “Acordamos todos os dias para ir ao treinamento, mas muitas vezes não dormimos durante a noite. Temos de ir para o chão para salvar nossas vidas. É muito difícil! Mas aqui os brasileiros são os melhores fãs, são incríveis. Muita emoção, foi inesquecível”.