SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil é um dos países que mais produzem e consomem memes no mundo. Essa linguagem, que ultrapassa o humor, é tema da exposição “MEME: no Br@sil da memeficação”, que abre na quarta-feira (27), no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo).

A exposição reúne obras de artistas da arte contemporânea, como Anna Maria Maiolino, Nelson Leirner e Claudio Tozzi, ao lado de criadores digitais como Porta dos Fundos, John Drops, Melted Vídeos e Greengo Dictionary. A proposta é refletir sobre como os memes revelam disputas simbólicas e formas de narrar o país.

O percurso começa no átrio do CCBB, onde o público encontra esculturas de onças multissensoriais que fazem referência ao meme “alisa meu pelo”, popularizado em 2023. A instalação abre caminho para os seis núcleos da mostra.

O primeiro deles, “Ao pé da letra”, explora os jogos de linguagem típicos da internet, que aproximam texto e imagem em sentidos inesperados e muitas vezes literais. No núcleo seguinte, “A hora dos amadores”, o espaço mostra como pessoas comuns passaram a produzir conteúdos que ganharam repercussão global, muitas vezes expondo desigualdades sociais com humor.

Um dos destaques é a retomada do Concurso Mundial do Mickey Feio, criado em 2001. Durante a visita será possível criar versões do personagem e integrar as obras à mostra.

A sala seguinte, “Da versão à inversão”, reúne paródias que desconstroem imagens e discursos originais, como o Museu do Homem da Internet -projeto que ironiza estereótipos masculinos. Já em “O eu proliferado”, o foco muda para as performances digitais. Selfies, vídeos e podcasts fictícios revelam como o “eu” se tornou espetáculo nas redes.

O quinto núcleo, “Combater ficção com ficção”, apresenta o humor como arma política. Aqui há obras que vão de sátiras na TV da década de 1980 a produções recentes do Porta dos Fundos, discutindo a linha tênue entre crítica e desinformação.

O percurso termina com “Memes: o que são? Onde vivem? Do que se alimentam?”, em que dez criadores respondem, em vídeo, às perguntas.

Além da ocupação física, a exposição terá conteúdos digitais em colaboração com o perfil no Instagram New Memeseum, que também colabora com a curadoria, ao lado de Clarissa Diniz e Ismael Monticelli.

Depois de São Paulo, o projeto estará em Brasília, Belo Horizonte e no Rio de Janeiro.