SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Temporada França-Brasil 2025 em São Paulo foi inaugurada neste sábado (23), com uma programação que pretende unir cultura e sustentabilidade em mais de 300 projetos espalhados pelo país.

O evento celebra os 200 anos das relações diplomáticas entre os dois países e se ancora em três eixos -democracia e globalização, diversidade e diálogo com a África, e transição climática e ecológica.

A abertura paulistana ocorreu no Sesc Pompeia com a exposição “O Poder de Minhas Mãos”, em uma cerimônia marcada por falas que destacaram o papel da cultura como instrumento de cooperação internacional e diálogo em tempos de tensões políticas.

O embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, ressaltou o papel histórico de São Paulo como “ponte natural” entre os dois países desde a Semana de Arte Moderna de 1922. “A cultura é parte essencial da visão que une Brasil e França. Democracia, diversidade e meio ambiente são prioridades compartilhadas”, disse.

Anne Louyot, comissária francesa da temporada, afirma que a diplomacia cultural é vista como motor da política de seu país. “Não é um enfeite, mas um elemento essencial do diálogo. Quando as sociedades civis se falam, se entendem, é mais fácil que os governos decidam juntos.”

Louyot afirmou ainda que os dois países defendem o multilateralismo como forma de gestão pacífica dos conflitos, lembrando que o tema foi ressaltado pelo presidente Lula em visita a Paris. Nas palavras dela, a cooperação deve envolver também outras nações comprometidas com a democracia, como forma de conter “tendências tóxicas” que têm se expandido no mundo.

Ela acrescenta ainda que, além do eixo cultural, a temporada se conecta a agendas ambientais, como a COP30, em Belém, em 2025.

“Esses eventos permitem que a sociedade entenda melhor os efeitos da mudança climática. Exposições, palestras e seminários ajudam a mobilizar a população para cobrar ações efetivas de seus representantes”, afirma Luiz Galina, diretor regional do Sesc São Paulo.

A programação da temporada França Brasil em São Paulo terá forte presença de artistas africanos e afrodescendentes, além de ações ligadas a diversidade de gênero e sexualidade.

Com 78 eventos espalhados pela cidade e pelo estado de São Paulo, 25 deles só no Sesc, o evento pretende criar um calendário cultural de grande porte. “França e Brasil são duas democracias. Num contexto em que isso virou quase exceção, precisamos reafirmar o multilateralismo e a gestão pacífica dos conflitos. A cultura pode ser a via mais potente para esse diálogo”, diz Louyot.