PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – No final da conversa desta semana com investidores, para apresentação de resultados, o CEO da chinesa Pop Mart, Wang Ning, enfatizou que vai buscar manter o crescimento explosivo do personagem Labubu e outros “explorando ativamente novos negócios como parques e entretenimento digital”.

Deu como modelo a Pop Land, a poucos minutos da sede da empresa, no meio do parque Chaoyang, zona leste de Pequim. “Embora sua área atual seja limitada, já está sendo aprimorada e uma nova versão será lançada”, no início do ano que vem. “E uma outra expansão em larga escala já está planejada.”

Aberta há menos de dois anos, a Pop Land é voltada a crianças e pré-adolescentes, mas também para mães e agora, cada vez mais, a todos, inclusive estrangeiros. Segundo dados do aplicativo chinês de turismo Qunar, em junho foram adquiridos seis vezes mais ingressos do que em junho do ano passado.

É efeito do que Wang descreveu como “alta popularidade gerada ao redor do mundo a partir do segundo trimestre”, sobretudo do Labubu. Na quinta (21), havia filas na Pop Land para as atrações, para os restaurantes e docerias e sobretudo para as compras de bonecos e figuras.

É um parque diferente daquele da Universal, também na capital chinesa. Seu modelo de negócios se concentra, ao menos por enquanto, em famílias de personagens criados como bonecos ou figurinhas, caso de Molly, anterior a Labubu e símbolo até maior da Pop Mart.

No parque da Universal, como noutros de origem americana, são personagens de Hollywood como Transformers, Minions e aqueles da série Harry Potter.

Questionada sobre a experiência, Shang Shang, mãe de uma menina de quatro anos, elogiou a Pop Land e disse que, em relação ao da Universal, “é mais para crianças”. Sua filha, ao ouvir se gostava mais de Molly ou Labubu, respondeu “Mokoko!”.

Trata-se de uma versão feminina, mais delicada e doce, de cor rosa, dos Monstros, a família de que Labubu faz parte. Na quinta, havia sido lançado o primeiro cartão de vinil de Mokoko, ao custo de 199 yuan (R$ 151).

A família de Labubu surge, encerrando uma das principais atrações do parque, numa animação curta, que parece indicar o outro novo negócio buscado pelo CEO da Pop Mart, o entretenimento digital.

Saindo da Pop Land com uma grande sacola de bonecos e outros produtos, além de três Labubus pendurados na mochila, o americano Pedro Jimenez se disse fã do personagem. “Ele é o gancho para as pessoas virem aqui e se interessarem pelos outros também”, comentou.

Lamentou americanos ainda não terem isenção do visto chinês, como sua mulher, a alemã Patrícia, que o acompanhava. Mas elogiou o preço do ingresso, 88 yuan (R$ 67 ou US$ 12), “muito bom o custo-benefício”. O preço para o da Universal, que o casal visitaria no dia seguinte, chega a 748 yuan (R$ 569 ou US$ 104), dependendo da temporada.

A presença de turistas estrangeiros é indício de que a internacionalização da Pop Mart começa a ir além dos bonecos.

Segundo Wang, a penetração da empresa se deve aos produtos com “grandes qualidades sociais”, mas também à abertura de lojas no exterior –em áreas onde “celebridades fazem compras em seu dia a dia e postam sobre nossos produtos em mídia social”.

O CEO pretende agora avançar além de Estados Unidos, Europa e da própria região Ásia-Pacífico. O codiretor de Operações da Pop Mart, Wen Deyi, acrescentou que daqui para a frente a empresa vai dar atenção a regiões como a América Latina.

Labubu e outros produtos são fabricados em províncias distantes da China, como Guangdong e Jiangxi. A sede da Pop Mart ocupa apenas dois andares de um dos conjuntos de edifícios festejados em Pequim, o Posco. No térreo, expõe seu histórico de personagens, iniciado por Molly em 2016. Labubu é de 2018.

De lá, Wang Ning, que criou a empresa em 2010, aos 23 anos, comanda 443 lojas no mercado chinês, além das vendas online, e outras 140 em 18 países, número que pretende elevar a 200 até o fim de 2025.

“No início deste ano, dissemos que estávamos confiantes de que haveria um crescimento de 50%”, falou o CEO, ao apresentar os resultados. “No ano passado foi de 10 bilhões de yuan (R$ 7,6 bilhões) e neste ano esperávamos atingir 20 bilhões. Mas acredito agora que deva ser de 30 bilhões.”