SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Poucos discordaram, há pouco menos de um ano, quando foi entregue a Bola de Ouro da temporada 2023/24, de que o espanhol Rodri, do Manchester City, e o brasileiro Vinicius Junior, do Real Madrid, haviam sido os melhores jogadores de futebol do mundo no período. Se houve polêmica, foi a respeito da ordem de classificação entre eles.
O cenário, no início da temporada 2025/26 é bem distinto. Por motivos diferentes, após um 2024/25 frustrante, esses dois atletas têm dificuldade para restabelecer seu status de outrora.
Rodrigo Hernández, o Rodri, hoje um meio-campista de 29 anos, pouco jogou desde que recebeu a Bola de Ouro. Quando ganhou o prestigiado troféu da revista francesa France Football, no histórico teatro Châtelet, em Paris, estava de muletas, acessórios de sua recuperação de uma ruptura de ligamento no joelho direito.
Voltou apenas em maio, após oito meses, e sua ausência prolongada foi apontada como um dos motivos do decepcionante ano do City, sem títulos pela primeira vez desde 2016/17, a temporada de estreia no clube do técnico Pep Guardiola. Na Copa do Mundo de Clubes, lesionou a virilha nas oitavas de final, em julho, na eliminação diante do saudita Al Hilal.
Por isso, Guardiola já avisou que pretende controlar a carga do atleta neste início de temporada. Rodri ficou fora da primeira partida do City no Campeonato Inglês, uma vitória por 4 a 0 sobre o Wolverhampton, do técnico português Vítor Pereira, no último fim de semana. Foi relacionado para o duelo com o Tottenham, neste domingo (24), porém ainda não sabe quantos minutos terá em campo.
“Eu quero um Rodri consistente, apenas isso. Ele é, por enquanto, o melhor jogador do mundo. A consistência vai vir com os treinos e os jogos, os treinos e os jogos, semana após semana… Depois, tudo ficará bem”, afirmou o técnico.
Vinicius também teve problemas físicos -o mais grave deles uma torção no tornozelo esquerdo, em maio-, mas nada tão sério quanto os de Rodri. Ainda assim, ficou longe da expectativa criada após a frustração da perda da Bola de Ouro.
Aqueles que esperavam um jogador mordido, ofendido pela derrota, viram alguém abatido. Vini foi escolhido o melhor da temporada 2023/24 pela Fifa (Federação Internacional de Futebol), mas esse prêmio tem muito menos prestígio do que o oferecido pela France Football.
O jovem de São Gonçalo, hoje um atacante de 25 anos, viveu o período 2024/25 abaixo de seu padrão. Não que um ano com 22 gols e 16 assistências seja ruim, mas as coisas simplesmente não se desenrolaram da melhor maneira.
A parceria com o francês Kylian Mbappé não começou de modo fluido. E o Real Madrid, ainda que tenha vencido as breves Supercopa da Europa e Copa Intercontinental, sofreu -o que levou a direção a encerrar a vitoriosíssima era Carlo Ancelotti.
Foi um ano de derrotas marcantes, com goleadas sofridas diante do arquirrival Barcelona. Chegou o técnico Xabi Alonso, ídolo do clube nos tempos de jogador, que já iniciou sua trajetória com uma derrota por 4 a 0 para o Paris Saint-Germain nas semifinais da Copa do Mundo de Clubes.
Após breve período de férias, o Real Madrid estreou no Campeonato Espanhol na última terça (19), com vitória por 1 a 0 sobre o Osasuna, gol de pênalti sofrido e cobrado por Mbappé. Vinicius, discreto, só foi elogiado pela disposição em contribuir com a marcação, algo cobrado pelo novo chefe.
“Todos queremos que ele seja decisivo. Ele tem um estilo de futebol único e imprevisível. Quando consegue se divertir e se conectar com sua essência, ajuda muito o time”, disse Alonso, que evitou falar publicamente das negociações para renovação do contrato do brasileiro -o compromisso tem término previsto para 2027, e há um impasse nas tratativas.
O nome de Vinicius não estará na próxima convocação de Ancelotti, seu velho comandante no Real, agora treinador da seleção. O atacante está suspenso do duelo com o Chile, no Rio de Janeiro, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, e o italiano resolveu deixá-lo fora também do jogo seguinte, contra a Bolívia, nos 4.150 m de El Alto.
O Brasil já está classificado ao inchado Mundial, com 48 participantes. Ancelotti vê Vinicius como peça fundamental na luta pelo hexa, mas, neste momento, prefere dar descanso e tempo ao fluminense, enquanto procura ter maior contato com atletas que ainda não conhece bem.