RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHA´PRESS) – A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (21), que apontou Eduardo Paes (PSD) na liderança da disputa pelo governo do Rio de Janeiro em 2026, com 35% de intenção de voto.
O resultado mostra a dianteira tomada pelo prefeito,em momento de tensões entre o presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Rodrigo Bacellar (União Brasil),e o governador Cláudio Castro (PL) que paralisaram a articulação da direita fluminense. Bacellar aparece como segundo colocado na pesquisa, com 9% de intenção de voto.
Paes tem feito encontros com representantes de partidos de centro para receber e propor nomes para o cargo de vice. Em paralelo, fez visitas ao interior, em reunião com prefeitos.
Já Bacellar entrou em rota de colisão com Castro, seu aliado, depois de exonerar sem aval o então secretário de Transportes Washington Reis (MDB). Bacellar assumiu como governador em exercício por uma semana em julho, durante viagem de Castro. Reis aparece na pesquisa Quaest como possível concorrente na disputa, com 5% de intenção de voto.
Bacellar tentou se vincular a Jair Bolsonaro (PL), mas é visto com desconfiança pelo entorno do ex-presidente, segundo membros do núcleo do governo. Parte avalia que o perfil beligerante do deputado causa incômodo. No último mês, foi Castro quem se aproximou do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), com convites para agendas no Rio e discurso na manifestação em Copacabana.
No episódio da demissão de Reis, Bacellar foi criticado por nomes vinculados ao bolsonarismo, como o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e os senadores Carlos Portinho (PL-RJ) e Flávio Bolsonaro. Flávio pediu a Castro que Reis fosse renomeado, mas não foi atendido.
A crise entre os filhos de Bolsonaro e governadores pré-candidatos à presidência da República também é, segundo aliados do governador, outro fator que fez paralisar articulações da direita para 2026.
A relação entre Castro e Bacellar esfriou e os dois têm trocado indiretas públicas. A mais recente aconteceu nesta quinta (21), depois que o deputado fez provocação no plenário da Alerj ao secretário da Polícia Militar, Marcelo Menezes.
“Quem faz qualquer coisa contra você [Menezes], é contra mim que está fazendo. Pode fazer cara feia, que fazemos cara mais feia ainda”, respondeu Castro em agenda, nesta quinta-feira (21).
Na semana passada, Castro afirmou que seguiria normativa do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, de proibir apoio a candidaturas de fora do partido. O governador tem repetido em entrevistas que a discussão sobre a eleição de 2026 foi antecipada.
“Está muito cedo. Ano que vem a gente vai fazer essa discussão. No primeiro dia após a eleição, o prefeito Eduardo Paes se colocou como candidato e antecipou uma discussão. Nosso partido [PL] resolveu decidir isso ano que vem. Nossa frente é muito ampla”, afirmou Castro nesta sexta-feira (22).
Paes fez encontros recentes com presidentes estaduais do Podemos, Cidadania, MDB e PP. Até a confirmação da federação União-Progressistas nesta semana, a aproximação com o deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ) era a prioridade.
Aproveitando festas municipais, Paes também percorreu cidades da região metropolitana e do interior do estado. O périplo visa diluir o domínio do PL, que conquistou 22 das 92 prefeituras do Rio de Janeiro.
As visitas a Duque de Caxias, na Baixada, e Campos dos Goytacazes incomodaram Castro e Bacellar.
Em Campos, Paes tem tentado atrair rivais de Bacellar, que tem berço político no município. O prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PP), está na lista dos que já foram cogitados para ocupar a vaga de vice em 2026.
Em Caxias, Paes esteve com Washington Reis enquanto este era secretário de Transportes, episódio avaliado como ponto de partida da fritura.
A despeito de já articular candidatura, o ex-secretário está inelegível por ter sido condenado em 2016 no STF (Supremo Tribunal Federal) por crime ambiental.
Em junho, o ministro do STF Gilmar Mendes assinou despacho em que diz ser plausível o pleito da defesa de Reis para reverter a inelegibilidade.
Aparecem também na pesquisa divulgada esta semana a vereadora Mônica Benício (PSOL), com 4%, e o influencer de direita Ítalo Marsili (sem partido), com 2%. Brancos e nulos chegam a 30%, e 15% dizem não saber em quem votariam.