SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O goleiro Cássio, do Cruzeiro, desabafou nas redes sociais após encontrar dificuldades para matricular a filha Maria Luiza, de sete anos, que foi diagnosticada com TEA [transtorno do espectro autista], em escolas de Belo Horizonte.

Cássio explicou que Maria Luiza é acompanhada por uma profissional desde os dois anos, quando a família ainda vivia em São Paulo. A presença desta pessoa seria o motivo para as escolas de Belo Horizonte recusarem a filha do goleiro.

O atleta afirmou que ele e a esposa, Janara Sackl, tentaram ir às escolas para explicar a situação. As respostas continuaram sendo negativas.

Segundo ele, uma única escola de Belo Horizonte aceitou Maria Luiza. O goleiro fez críticas aos discursos de “inclusão” de algumas escolas e afirmou que “a realidade é bem diferente”.

A esposa de Cássio detalhou as buscas em contato com o UOL. Segundo ela, mais de cinco escolas se recusaram a matricular Maria Luiza.

Recentemente, Cássio mudou de endereço em Belo Horizonte. Por este motivo, o goleiro e a esposa começaram a busca por uma nova escola, uma vez que a atual fica distante da casa da família e de onde Maria Luiza faz terapia. O casal ainda não teve sucesso na procura por uma nova instituição de ensino.

O QUE DIZ A LEI?

A Lei nº 12.764/2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, diz que a pessoa diagnosticada com o transtorno é considerada pessoa com deficiência para todos os efeitos legais.

A Lei também garante que “em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado”.

VEJA A NOTA COMPLETA DE CÁSSIO

“Hoje, como tantos outros pais de crianças autistas não verbais, venho compartilhar algo muito doloroso. Tenho tentado matricular minha filha em diferentes escolas, mas a resposta quase sempre é a mesma: ela não é aceita.

Tudo isso porque a Maria tem uma pessoa especializada que a acompanha desde os dois anos de idade. Essa profissional veio com a gente de São Paulo, conhece a Maria profundamente, tem a confiança dela e poderia ajudá-la dentro de sala sem atrapalhar em nada o andamento das atividades. Mesmo assim, as escolas não aceitam essa ajuda.

Muitas vezes, somos chamados para conversar. Eu e minha esposa vamos às escolas, explicamos, mostramos disposição em colaborar. No final, a resposta é sempre negativa.

Se não fosse por uma única escola ter aceitado a minha filha, a Maria simplesmente não teria como estudar em Belo Horizonte.

O mais triste é ouvir isso justamente de escolas que se apresentam como “inclusivas”, que dizem aceitar todos os tipos de crianças. A realidade, no entanto, é bem diferente.

Como pai, ver sua filha ser rejeitada simplesmente por ser autista é algo que corta o coração. Inclusão não é só palavra bonita em propaganda, é atitude. E ainda estamos muito longe de viver isso de verdade.”