SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Miguel Uribe Londoño, pai do senador da Colômbia Miguel Uribe Turbay que foi assassinado em um comício em Bogotá, assumirá o lugar do filho como pré-candidato do Centro Democrático às eleições presidenciais de 2026.

O partido, que é a principal legenda de direita do país, fará um processo de seleção interna para definir o candidato final, que deverá ocorrer entre dezembro e março do próximo ano.

Em um comunicado divulgado nesta sexta (22), o Centro Democrático afirmou que a decisão de Londoño de assumir o lugar do filho foi tomada em comum acordo com a família, como uma forma de homenageá-lo.

O partido é liderado pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), que não tem parentesco com a família de Uribe Turbay. Com 79 anos, Uribe Londoño disputará internamente com outros nomes do partido, como as parlamentares María Fernanda Cabal e Paloma Valencia.

Uribe Londoño é viúvo da jornalista Diana Turbay, mãe de Miguel, que foi mantida refém por um grupo ligado ao cartel de Medellín e morta na tentativa de resgate, em 1991 -a história é relatada no livro “Notícia de um Sequestro”, de Gabriel García Márquez (1927-2014).

Na época, Miguel tinha cinco anos, e Uribe Londoño era um empresário do setor cafeeiro. Entre 1988 e 1990, ele foi vereador de Bogotá. É membro do Centro Democrático desde sua fundação, em 2013 e, pouco depois, foi coordenador do partido na capital.

As autoridades colombianas capturaram seis pessoas ligadas ao assassinato de Uribe Turbay, incluindo o atirador de 15 anos, e apontam como principal suspeita a dissidência das Farc conhecida como Segunda Marquetalia.

Miguel era um crítico ferrenho do atual presidente da Colômbia, Gustavo Petro, o primeiro político de esquerda a governar os colombianos. Opositores acusam o líder esquerdista de radicalizar o país.

A sua morte trouxe à tona o fantasma os violentos assassinatos de políticos e presidenciáveis que levaram pânico à população nas décadas de 1980 e 1990.

Na quinta-feira (21), dois ataques que deixaram 19 mortos e dezenas de feridos, na pior ofensiva de grupos armados na última década.

A onda de violência elevou a tensão no país um dia antes da cúpula da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), que ocorreu nesta sexta, em Bogotá, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros líderes regionais.

Miguel Uribe morreu no dia 11 de agosto, após dois meses internado em estado grave em um hospital. Ele levou um tiro na cabeça e outro na perna comício no dia 7 de junho.